40 mortos numa semana como resultado da violência jihadista no Burquina Faso

Cerca de 40 pessoas foram mortas no Burquina Faso, numa semana de intensos ataques contra civis e militares. A violência jihadista tem aumentado nos últimos meses, cifrando-se em mais de 150 desde o início do ano, principalmente na metade norte do país.

O mais recente visou a aldeia de Sanakadougou, na cidade de Kombori, no noroeste do país, perto da fronteira com o Mali, na noite da última quinta-feira. De acordo com os habitantes contactados pela Agência France Press, 12 a 13 civis foram mortos por jihadistas que chegaram à aldeia em motorizadas.

“A aldeia foi quase toda queimada. Os celeiros e as casas…”, disse uma das testemunhas, afirmando que “as pessoas começaram a abandonar a área desde sexta-feira.” E continuou: “Os aldeãos não puderam levar nada com eles porque os atacantes queimaram ou saquearam tudo e levaram os poucos bens e gado.” A mesma testemunha disse temer um número superior de mortos na área, após o ataque a outra cidade próxima, Yaran, no domingo de manhã.

Face a esta violência, a junta militar liderada pelo capitão Ibrahim Traoré, no poder desde o final de Setembro após um golpe militar, o segundo em oito meses, pretende recuperar rapidamente a “soberania” de todo o país. Traoré pediu às forças especiais francesas baseadas em Ouagadougou, a capital, que deixassem o país até ao final do mês e dezenas de milhares de Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP, auxiliares civis do exército) foram recrutados para defender o território.

Embora se tenha tornado o epicentro da violência jihadista no Sahel, o Burquina Faso não é o único país que enfrenta ataques de grupos ligados à Al-Qaeda ou ao Estado islâmico. Os vizinhos do Mali e do Níger também têm sido atingidos. Na sexta-feira, pelo menos 10 soldados morreram numa emboscada na zona ocidental do Níger, na fronteira com o Mali.

Desde 2015, a violência no Burquina Faso já deixou milhares de civis e soldados mortos e cerca de dois milhões de pessoas deslocadas. Estima-se que 40% do território esteja fora do controlo das autoridades centrais.

Num esforço para diversificar as suas parcerias na luta contra o jihadismo, o Burquina aproximou-se do Mali, que também é governado por militares. E como em Bamako, as autoridades de Ouagadougou já manifestaram a sua intenção de reforçar os seus laços com a Rússia.

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