Venâncio Mondlane faz depender a existência de uma agenda para aceitar reunião com Nyusi

“Eu, Venâncio Mondlane, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito sem reservas esse diálogo, aceito essa mesa de diálogo (…). Mas esse diálogo, como qualquer diálogo, como qualquer negociação, como qualquer tipo de encontro institucional, deve ter uma agenda”, anunciou o candidato presidencial, numa das suas habituais lives na sua página oficial na rede social Facebook.
Para “não ir ao encontro no vazio, sem nenhuma agenda”, avançou que vai submeter nas primeiras horas de sexta-feira, hoje, dia 22, no gabinete da Presidência da República, um ofício com uma proposta “sustentada” pelos contributos dos moçambicanos sobre os passos a seguir no processo de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 9 de Outubro, resumidos em cerca de 20 pontos que irá apresentar publicamente e que “representam os anseios do povo moçambicano”.
“Quarenta mil pessoas escreveram [e-mail] para mim e está tudo resumido na carta que vai dar entrada na Presidência da República”, assegurou Mondlane.
A soberania reside no povo
“A soberania de Moçambique reside no povo, então é o povo que determina o que deve ser a agenda desse diálogo”, frisou.
O candidato presidencial, que não aceita os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional, apontando várias irregularidades ao processo eleitoral, rejeita um diálogo “à porta fechada” e com “segredinhos”.
“Diálogos abertos, em que a imprensa tenha acesso, em que a sociedade civil tenha acesso, em que os mediadores internacionais tenham acesso. Vamos fazer história”, acrescentou o candidato, que afirma estar fora de Moçambique por questões de segurança, sendo actualmente visado por vários processos judiciais desencadeados pelo Ministério Público, nomeadamente conspiração para golpe de Estado, na sequência das manifestações e protestos do último mês.
Recorde-se que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou na última terça-feira os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o “caos” e que “espalham o medo pelas ruas” fragilizando o país.