Turcos voltam às urnas para uma segunda volta

Ao início da tarde desta segunda-feira, 15, ainda não havia resultados oficiais, mas a segunda volta das presidenciais era um cenário mais do que provável, praticamente adquirido. O candidato da oposição, o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, prometeu derrotar o actual presidente na segunda volta. Já Recep Tayyip Erdogan considera que estas eleições mostram que o país é uma das principais democracias do mundo.

No poder há duas décadas, Erdogan não conseguiu a maioria absoluta que ambicionava e nenhum dos candidatos ultrapassou, sequer, os 50% necessários para evitar repetir as eleições a 28 de Maio. Kiliçdaroglu acredita que pode vencer na segunda volta e pediu paciência aos apoiantes da oposição, acusando o partido do atual chefe de Estado de interferir na contagem e divulgação dos resultados.

“Se a nossa nação pedir uma segunda volta, aceitaremos com prazer. E com certeza venceremos essa segunda volta”, disse Kiliçdaroglu na última madrugada, na capital Ancara, rodeado por representantes da coligação inédita de seis partidos da oposição que o apoiam.
Erdogan, que tem maioria absoluta desde 2014, “não conseguiu obter o resultado que esperava, apesar de todos os insultos” proferidos contra os rivais, sublinhou o opositor.

Embora pouco significativo, os resultados de Erdogan foram melhores do que as sondagens previam e o presidente mostrou-se, nas últimas horas, confiante de que conseguirá uma vitória na segunda volta.

“A necessidade de mudança na sociedade é superior a 50 por cento; temos absolutamente de vencer e instalar a democracia neste país”, acrescentou Kiliçdaroglu. Apesar de todas as mentiras e ataques, apontou o líder da oposição, Erdogan “não obteve o resultado desejado”. “Nós definitivamente venceremos esta eleição na segunda volta. Toda a gente vai ver isso. Os resultados preliminares mostram que Erdogan não recebeu o voto de confiança do público que esperava.”

Horas antes, Erdogan afirmou ter uma “clara vantagem” na corrida presidencial, não tendo afastado ainda a hipótese de obter a maioria absoluta na primeira volta. O actual presidente obteve 49%, contra 44% do principal adversário, mas precisa de 50% para garantir a reeleição. “Já estamos à frente do nosso opositor mais próximo por 2,6 milhões de votos. Esperamos que esse número aumente com os resultados oficiais”, disse Erdogan ao início da noite de domingo.

O resultado provisório com 99% das urnas abertas dá-lhe, por enquanto, apenas 49,4% dos votos, mas indicou que há ainda que contabilizar os boletins dos cidadãos turcos residentes no estrangeiro, que costumam maioritariamente apoiá-lo. Na Alemanha, onde residem aproximadamente metade dos cidadãos turcos no estrangeiro, Erdogan obteve 65% dos votos. “Mesmo que os resultados finais não estejam disponíveis, estamos muito à frente”, repetiu. “Ainda não sabemos os resultados finais oficiais, ainda estamos à espera de que a vontade da nação se manifeste”.

O facto de os resultados das eleições ainda não terem sido finalizados, continuou, “não diminui o facto de que a escolha da nossa nação é claramente a nosso favor”.

Segundo a contagem parcial divulgada pela agência de notícias oficial Anatólia, Kemal Kiliçdaroglu obteve até agora quase 45 por cento dos votos. Será a primeira vez em 20 anos, desde que está no poder na Turquia, que Erdogan se verá obrigado a disputar uma segunda volta.
Kiliçdaroglu denunciou, contudo, durante a noite eleitoral que o partido de Erdogan, o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), “está continuamente a impugnar as actas da votação e a bloquear o sistema” de apuramento dos resultados nas regiões onde a oposição é mais forte.

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