Tchizé mostra a face oculta da aliança

UNITA entregue à guilhotina. A declaração de voto feita por Tchizé dos Santos a favor de Adalberto Costa Júnior, não sendo surpresa para o MPLA, constitui um marco importante na aliança entre a actual direcção da UNITA e as duas filhas mais velhas de José Eduardo dos Santos.

UNITA entregue à guilhotina

Por Emanuel Kadiango

O acordo consiste no financiamento da campanha da UNITA por Isabel e Tchizé dos Santos, o que serviu para a contratação da empresa israelita responsável por toda a estratégia eleitoral do partido de Muangai, além de vários meios electrónicos distribuídos pelos cabos eleitorais.

As duas irmãs, ambas fugitivas da Justiça angolana em parte incerta, esperam que a hipotética vitória de Adalberto Costa Júnior permita o seu regresso ao “país das maravilhas” e a anulação dos crimes e retomem a sua saga de saquear os recursos dos angolanos.

O acordo secreto prevê que, no Governo de Adalberto Costa Júnior, Isabel dos Santos venha a coordenar a equipa económica em acumulação com a pasta de PCA da Sonangol, ao passo que a irmã Tchizé controle o império televisivo em Angola.

Embora ingenuamente Adalberto tente esconder a realidade, o Estado angolano domina os detalhes do acordo subterrâneo entre Adalberto e as duas irmãs que, em tempo da “República das Bananas”, fizeram de Angola uma autêntica mina de ouro para a Metrópole. Graças a isso, apesar do congelamento de algumas contas, as duas irmãs concorrentes continuam a levar vidas de rainhas, entre casinos e desfiles de moda, no Primeiro Mundo.

Se alguém está em condições de impugnar os resultados das próximas eleições, caso ACJ ganhe as eleições (uma hipótese bastante remota), é o MPLA que está em posse de várias informações comprometedoras sobre os acordos ilícitos celebrados por Adalberto Costa Júnior, um homem bem dado a práticas desonestas, não só com as duas irmãs, mas com companhias estrangeiras de duvidosa índole.

Adalberto está a levar a UNITA para o precipício, perante o silêncio cúmplice dos chamados barões da organização. O homem está mancomunado com a máfia de branqueamento de capitais e de recebimento de dinheiro a estrangeiros, numa autêntica afronta à legislação angolana sobre matéria eleitoral. Dito de outra forma, a UNITA está a beneficiar do dinheiro retirado de Angola, de forma ilícita, por Isabel e Tchizé dos Santos. O plano foi engendrado à revelia do pai que, ao contrário do que disse a desvairada da Tchizé, morreu desiludido com as filhas que, por ambição desmedida, não o puderam proteger.

Aliás, quem esteve próximo de José Eduardo dos Santos antes da sua morte, percebeu a tristeza do antigo estadista em relação aos filhos. Só assim se explica que, durante a permanência do pai em Barcelona, as duas tenham visitado o pai apenas duas vezes. Foi nesse desespero e na agonia terminal que José Eduardo dos Santos, aconselhado pela filha mais nova (Josiane), terá pedido à antiga Primeira Dama a se deslocar à Catalunha.

A morte de José Eduardo dos Santos terá dividido o sentimento das duas filhas: primeiro, a orfandade; segundo, a vingança. Isabel, nascida no Azerbaijão, antiga União Soviética e filha de mãe estrangeira, é a que mais vê a sua ligação a Angola em ruptura, com a morte do pai, o que lhe estará a levar a um abismo meditativo profundo. Já Tchizé encontrou na morte do pai uma oportunidade para se vingar do

Presidente João Lourenço e somar vantagens políticas. Daí que o corpo do pai tenha passado a troféu para o último golpe contra o partido no poder, embora para Isabel dos Santos todas essas manobras sejam um jogo da sorte. O desespero é total.

Ambas estão conscientes de quanto a sua arrogância as colocou numa curva bastante apertada, vendo o seu exílio infinito, numa altura em que todas as evidências apontam para a vitória nítida e expressiva do MPLA.

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