Sonangol e CNCEC assinaram contrato para construção da Refinaria do Lobito

O contrato de seis mil milhões de dólares para a construção da Refinaria do Lobito foi assinado sexta-feira, nesta cidade portuária da província de Benguela, entre a Sonangol e a China National Chemical Engineering (CNCEC), num acto em que o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás anunciou o desencadeamento de negociações para transformar a empreitada num projecto de vocação regional.

O valor do contrato para a construção da Refinaria, projectada para processar 200 mil barris de crude por dia, representa uma redução pela metade, face aos 12 mil milhões estabelecidos ao longo do período de preparação da obra, de 2012 a 2016, com uma fase de optimização que ocorreu de 2018 a 2021, apurou o Jornal de Angola no acto de assinatura.
As obras de construção arrancam imediatamente, tendo um prazo contratual de conclusão de 40 meses, até 2027, segundo as informações obtidas no acto de assinatura dos contratos, que prevêem as componentes de engenharia, aprovisionamento e construção, gestão de projectos e serviços de consultoria para o suporte técnico.

Na ocasião, Diamantino Azevedo assinalou a vocação regional da Refinaria do Lobito nos segmentos da refinação e petroquímica, à luz do interesse manifestado por representantes de países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em se tornarem parceiros da Sonangol nessa operação.

O ministro apontou a Zâmbia e a República Democrática do Congo como os principais destinos das exportações da Refinaria servida pelo Corredor do Lobito, uma plataforma multimodal de logística de transportes, mas também a África do Sul, Botswana e Namíbia como destinos potenciais dos refinados dessa unidade, algo que se afigura ainda mais favorecido pela perspectiva gerada pelas vantagens aduaneiras inerentes à Zona de Comércio Livre Continental Africano.

Além disso, o governante revelou o decurso de discussões para integrar parceiros regionais no projecto, algo que disse estar em conversações. ” Vamos continuar a dialogar com os países e empresários que manifestaram interesse em ser parte do negócio”, afirmou o ministro.

A assinatura do contrato, realçou, confirma “a predisposição do Estado angolano em criar um ambiente favorável para a realização de investimentos no sector de petróleo e gás, seja pelo melhoramento contínuo do quadro legal e normativo, como pela criação de oportunidades de investimentos cada vez mais atractivas para o sector privado”, sublinhou.

Num outro momento, Diamantino Azevedo anunciou ter orientado a Sonangol a iniciar de imediato, com a construtora chinesa, estudos de avaliação da viabilidade para a construção, na Refinaria, de uma componente petroquímica.

“Caso o resultado dos estudos resultar positivo, devemos investir na construção de um complexo de refinação e petroquímica, como contributo da indústria petrolífera para a diversificação económica e sustentável do país”, anunciou o ministro Azevedo.

Empresa seleccionada pela vasta experiência

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás apresentou o empreiteiro chinês da Refinaria do Lobito, a CNCEC, por reunir “bastante experiência” na construção de projectos de refinação e petroquímica, além de já ter sido contratada na operação que elevou a capacidade de produção de gasolina da Refinaria de Luanda.

A opção pela companhia chinesa também foi influenciada pelo prazo proposto para a entrega da obra (até antes de 2027), ao contrário de outras propostas recebidas, segundo o governante, secundado pelo presidente do Conselho de Administração da construtora, Weng Gang, a garantir a capacidade da empresa em cumprir os compromissos para a edificação da Refinaria do Lobito nos prazos previstos.

O líder empresarial chinês definiu a empreitada pela construção da unidade de refinação, a qual disse perceber que é de extrema importância, por ser o maior projecto angolano nesse domínio, incluindo a unidade petroquímica, que considerou um elemento indispensável na estratégia do desenvolvimento de toda a cadeia e indústria.

Weng Gang lembrou que na audiência que lhe foi concedida, quarta-feira, em Luanda, pelo Presidente da República, João Lourenço, manifestou expectativas de ver a obra concluída nos prazos determinados. “Nós em nome da CNCEC, vamo-nos comprometer e honrar o nosso compromisso”, declarou.

“Sabemos que a plena confiança implica a plena responsabilidade, temos uma grande responsabilidade e uma missão gloriosa de fazer um bom trabalho neste projecto”, insistiu Weng Gang.

O empresário chinês apresentou a CNCEC como um fornecedor líder internacional em soluções do sector da Engenharia Industrial Petroquímica, tendo projectado mais de 70 fábricas de produtos químicos em vários países.

Auto-suficiência e postos de trabalho

O presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, considerou a edificação da Refinaria do Lobito um projecto de elevada prioridade estratégica, por elevar a oferta de refinados no mercado nacional até ao nível da auto-suficiência.

O objectivo da empreitada para a qual o contrato foi assinado, ontem, declarou, é aumentar a capacidade interna de processamento do petróleo bruto, para reduzir a dependência nacional de importação de refinados.

Sebastião Gaspar Martins notou que a assinatura dos contratos representa apenas uma das fases do processo de implementação do projecto, ao mesmo tempo que a sua realização mostra o compromisso da Sonangol em tornar realidade a construção do complexo de refinação.

O governador de Benguela, Luís Nunes, destacou a Refinaria do Lobito pelo impacto sobre a vida das populações e os ganhos “imensuráveis para a economia da província e da região”, referindo-se à futura unidade como “uma indústria gigante” que vai elevar a importância de Benguela enquanto pólo de crescimento económico, emprego e modernização.

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