RDC confirma participação nas negociaçõe com M23 em Luanda

O Governo da República Democrática do Congo (RDC) confirmou ontem, domingo, dia 16, a sua participação nas negociações de paz com o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), que deverão arrancar na próxima terça-feira em Lunada, Angola.
“Recebemos o convite do mediador (o Presidente angolano João Lourenço) e vamos ouvi-lo. Assim, uma delegação congolesa vai viajar para Luanda na terça-feira, por iniciativa dos mediadores”, disse Tina Salama, porta-voz do Presidente da RDC, Félix Tshisekedi.
Salama confirmou a participação do seu país depois de João Lourenço ter apelado, no sábado, a um cessar-fogo entre as partes para facilitar as negociações.
Através da rede social X, porém, o M23 acusou o Governo congolês de querer “sabotar” o diálogo, alegando que as forças governamentais bombardearam indiscriminadamente “zonas densamente povoadas” e atacaram posições rebeldes nos últimos dias.
Recorde-se que o Presidente angolano anunciou, na passada quarta-feira, dia 12, o início das negociações directas de paz entre o Governo da RDC e o M23, na terça-feira, na capital angolana.
Horas depois do anúncio, na noite de quarta para quinta-feira, o M23 assumiu o controlo da Ilha Idjwi, no Lago Kivu e o grupo passou a controlar sete dos oito territórios que compõem a província oriental do Kivu do Sul.
O M23 – que é apoiado pelo Ruanda e por alguns países ocidentais, como os EUA, Alemanha e França – controla as capitais das províncias do Kivu do Norte e do Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
O número de mortos no conflito em Goma e arredores, capital do Kivu do Norte, ultrapassou os 8.500 desde Janeiro, de acordo com informações prestadas pelo ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba, no final de Fevereiro.
Naquela província, a actividade armada do M23 – um grupo constituído sobretudo por tutsis, que sofreu o genocídio do Ruanda em 1994 – foi retomada em Novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.
Refira-se que desde 1998 que o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).