Rastas angolanos rendidos aos feitos de Mamã África

A jornalista, declamadora, actriz, activista cultural e panafricanista Aminata Goubel “Mamã África” foi homenageada pela sua dedicação na promoção e defesa da identidade nacional e africana na primeira edição do Angola Reggae Woman Spoken Word.

De acordo com o Jornal de Angola, o momento cultural esteve a cargo de Alegria Avehe, Olivia Gomes, Tatiana Duarte, Ginga a Preta, LN e Joice Zau, como spoken word, e a banda de Reggae Bantu Killas.

O evento foi realizado na noite de sábado no Jango da União dos Escritores Angolanos (UEA), numa organização da Dread Vision Corporation em parceria com a Associação do Movimento da Ordem Radtafari em Angola (AMORA).Uma actividade multidisciplinar assente no spoken word e a música reggae com a participação de vozes femininas e foi realizado no âmbito do 31 de Julho, Dia da Mulher Africana.

No momento dedicado a homenageada, emocionada sob o olhar atento da mãe Mamã Kuiba, do esposo, Lopito Feijóo e das filhas e netos, falou do papel da família e dos amigos na defesa da identidade africana. O lado de actriz foi sentido ao dirigir-se à assistência, marcada por muitas jovens que a têm como referência.

O líder da Comunidade Rasta, Binghi Fire Kongo, também conhecido por Tubya Dya Congo Dya Pungua Ndongo, esteve entre os convidados e realçou a importância de existirem personalidades no país como a Mamã África, exemplos de orgulho e que transmitem a auto-estima para as novas gerações. Âgnela Barros, em representação da Aliança Francesa de Angola, também esteve presente para encorajar os organizadores e felicitar a homenageada.

Já David Capelenguenha, secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), instituição que acolheu o evento, disse que “foi uma iniciativa louvável dos membros da comunidade rasta e aceitamos participar na actividade porque a Aminata Goubel também é nossa, porque como jornalista muitas coberturas fez aqui e tem trabalhado na divulgação dos escritores”.

Bantu Kilas abriu a actividade com dois temas para depois levar o reggae em “Cartas Para Mim”, “Minha versão favorita”, “mulher diamante”, Amor”, “África Dispersa” e “papel”, as primeiras produções de spoken word apresentadas pela sequência, Joice Zau, Tatiana Duarte, Alegria Avelhe, LN, Ginga a Preta e Olívia Gomes.

Noutro momento voltaram a lapidar a palavra falada em “Sou Rebelde”, “Hibisco Negro”, “Pura não tenho liberdade de amar”, “imutável” e ” eu prefiro o amor”. Lopito Feijó, confidenciou que ficou surpreso e satisfeito com os textos apresentados e encorajou a continuarem a trabalhar.

Durante o momento, a relação com o reggae esteve bem patente, porque muitas vezes se dançou ao ritmo da banda. Houve dois momentos a meio do concerto em “No Woman no Cry” e no encerramento em “One Love”, sucessos de Bob Marley, onde Mamã África como líder nos vocais e as meninas cantaram e improvisaram numa simbiose reggae e spoken word. A Banda Bantu Killa na voz de Masta Kaya do seu reportório se destacaram “Guetho”, ” Something to say”, “Ragga Mufin” e “Jah Issac”, um sucesso no meio dos rastas em Angola.

Aminata Goubel “Mamã África”, desde a sua infância mostrou interesse pela cultura, influenciada pela família e pelo bairro Marçal, onde nasceu, com um movimento cultural muito activo. Cresceu a acompanhar todo movimento cultural, músicos, poetas, atores, bailarinas de salão, grupos carnavalescos, bem como kitandeiras que vestiam panos e usavam tranças e mulheres do Norte que usavam panos de Kongo, todos esses pormenores influenciaram o que ela é hoje, reforçando que várias vezes assistiu as suas avôs a dançarem Rebita no Salão Maria da Escrequenha.

Teve a oportunidade de assistir várias sessões de Kotonoka, com os seus irmão mais velhos. Corre nas suas veias sangue bakongo: seu pai é natural do Uige e a mãe é de Luanda, uma bessangana de Luanda. Como actriz participou em vários filmes e novelas. Jornalista na Rádio Nacional de Angola, e colaboradora da TPA, pan-africanista, defensora dos valores e dos direitos humanos, assim como amante da cultura Rastafári e da Musica Reggae.

Mama África e o seu esposo, o escritor Lopito Feijóo, são coleccionadores de peças de arte africana e coleccionaram mais de 1000 peças vindas de outros países africanos. É proprietária de uma Casa-Museu onde muitos turistas nacionais e estrangeiros fazem visitas constantes. A casa também é usada para eventos culturais, principalmente relacionados com mulheres e crianças.

O Angola Reggae Woman em Luanda, segundo a Dread Vision Corporation é a primeira mostra da Cultura Reggae no Feminino, reunindo manifestações de moda, dança, fotografia, audiovisual, artesanato e, especialmente, música. A Dread Vision Corporation é uma plataforma cultural de matriz angolana de carácter educacional, integrada por jovens do Movimento Rastafári. Na linha da frente estão Salvador Ambrósio, “Ndoloman”, Gilberto Ndala “Ras Tucah”, Albino Mendes” Mbinga Yambua”, Galueto Gomes, Ras Nguimba Ngola, Joy Higgs e Etu Mudietu.

Um dos objectivos é o de promover acções culturais que articulam saberes que promovem a paz, a igualdade e inclusão social. Sentem a necessidade de incentivar o convívio festivo entre os diversos extractos da sociedade, assim como proporcionar o intercâmbio do conhecimento e diversidade cultural.

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