Quem é Vitali Perfilev, o chefe da Wagner na RCA

Conselheiro de segurança do presidente da República Centro Africana (RCA), Faustin-Archange Touadéra, Vitali Perfilev é o chefe militar do grupo mercenário Wagner em Bangui. O russo é omnipresente na capital da RCA.

Desde a sua chegada àquele país africano, em meados de 2019, Vitali Perfilev permaneceu na sombra de Valeri Zakharov, o líder do grupo e conselheiro do presidente em questões de segurança. Perfilev, dividia o seu tempo entre Bangui, a capital, e Berengo, a antiga residência imperial onde os russos tinham estabelecido a sua base de comando e treino.

Enquanto Zakharov se distanciava do centro do poder em Bangui, Perfilev ia-se aproximando até se tornar o braço direito de Dmitri Utkin – o todo-poderoso chefe operacional de Wagner – na RCA. Em Dezembro de 2020, quando os grupos armados do país atacaram Bangui, Perfilev era o principal comandante militar da defesa de Bangui. Perfilev é agora oficialmente um conselheiro de Faustin-Archange Touadéra, tal como Zakharov antes dele.

Ex-membro da Legião Estrangeira Francesa
Nascido na Rússia, Vitali Perfilev passou parte da sua carreira na Legião Estrangeira Francesa, um passado que não deixou de embaraçar Paris. Depois, regressou a São Petersburgo, antes de se juntar ao grupo Wagner.
O antigo legionário, entre outras coisas, lutou pela Wagner na Síria, antes de chegar à RCA. Já em 2015, cerca de dois anos antes de iniciar a sua implantação na República Centro-Africana, o grupo de mercenários defendeu poços petrolíferos em solo sírio e lutou ao lado das tropas de Bashar al-Assad.
Hoje, em Bangui, Vitali Perfilev não passa despercebido. Este homem alto, louro e bem construído, conduz frequentemente uma pick-up V8 blindada, cujo modelo é facilmente reconhecível. Com cerca de cinquenta anos, o russo gosta de frequentar o terraço junto à piscina do Hotel Ledger e desfrutar do ambiente da brasserie ‘Kiss’, do restaurante ‘La Cuisine’ ou do M, outro estabelecimento popular entre os privilegiados de Bangui.
Tu cá tu lá com o presidente
Vitali Perfilev mantém contacto directo com o próprio presidente. O antigo oficial da Legião Estrangeira fala frequentemente (e a qualquer hora) ao telefone com Faustin-Archange Touadéra, que lhe pergunta regularmente sobre o progresso desta ou daquela operação no terreno. O russo também visita regularmente o palácio presidencial, onde não se preocupa com o protocolo para obter uma reunião individual com o Chefe de Estado.

Envenenamento e paralisia
Descrito como um bon vivant, correm rumores que sofre regularmente de problemas de saúde. Recentemente sofreu uma paralisia nas pernas à qual a imprensa pró-russa da África Central associou uma alegada tentativa de envenenamento por parte dos serviços secretos franceses. Acabou por ser evacuado. O tema do envenenamento real ou falso foi discutido entre as embaixadas russas e francesas na República Centro-Africana, com a diplomacia russa a dissociar-se das acusações. Uma nova teoria está a circular em Bangui sobre a origem dos problemas do antigo legionário, desta vez atribuindo-a a um ajuste de contas entre pró e anti-Wagner russos. A acção do grupo tem sido de facto objecto de críticas discretas nos últimos meses no seio do aparelho diplomático russo, nomeadamente atrasando a chegada do novo embaixador, Alexandre Bikantov.

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