Quarta trégua nos combates no Sudão parece ser a mais consistente

O quarto cessar-fogo no Sudão parece estar a manter-se, embora haja relatos de tiroteios esporádicos. Este é a quarta tentativa para pôr termo aos combates que tiveram início em 15 de Abril, não tendo as tréguas anteriores sido respeitadas.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), Antony Blinken, afirmou que a trégua de 72 horas tinha sido acordada entre o exército e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF, sigla em inglês) após 48 horas de negociações mediadas pelos EUA. Ambas as partes confirmaram que vão cessar as hostilidades. Até esta manhã, pelo menos 459 pessoas morreram no conflito, embora se pense que o número real seja muito superior.
À BBC, Tagreed Abdin, que vive a sete quilómetros do centro de Cartum, disse que, apesar do acordo, ouviu bombardeamentos a partir de sua casa na terça-feira de manhã. “Obviamente, que o cessar-fogo não foi respeitado”, acrescentou.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, advertiu que a violência no Sudão corre o risco de causar uma ” catástrofe humanitária” que poderá envolver toda a região. Desde o início da violência, os habitantes de Cartum foram aconselhados a permanecer em casa e as reservas de alimentos e água têm vindo a escassear, uma vez que os bombardeamentos atingiram infra-estruturas essenciais, como condutas de água, o que levou a que algumas pessoas foram obrigadas a beber do rio Nilo.
Os países esforçaram-se por evacuar os seus diplomatas e civis à medida que os combates se intensificavam nas zonas centrais e densamente povoadas da capital. A partir de hoje espera-se que o cessar-fogo permita que os civis abandonem a cidade. Os governos estrangeiros também esperam que o cessar-fogo permita a continuação das evacuações para fora do país.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egipto disse na segunda-feira que um adido tinha sido morto quando se dirigia para a embaixada em Cartum para ajudar na evacuação de cidadãos egípcios.
O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, também confirmou na segunda-feira que mais de mil cidadãos da UE tinham sido evacuados. Também a África do Sul, o Quénia e o Uganda estão entre as nações africanas que anunciaram a evacuação dos seus cidadãos. O Governo britânico anunciou que começará a evacuar os titulares de passaportes britânicos e os seus familiares directos a partir de hoje, terça-feira.
Ontem, segunda-feira, Blinken afirmou que alguns veículos que tentavam retirar as pessoas do país se tinham deparado com “roubos e pilhagens.” Os EUA, acrescentou, estão a estudar a possibilidade de retomar a sua presença diplomática no Sudão, mas descreveu as condições no país como “muito difíceis”.
O Sudão sofreu um “apagão de Internet” no domingo, quando os combates se intensificaram, mas, entretanto, a conectividade já foi parcialmente restabelecida, de acordo com o grupo de monitorização NetBlocks. Enquanto isso, a ONU está a preparar a fuga de 270.000 pessoas do país para os estados vizinhos, Sudão do Sul e Chade.