Produção industrial a subir à conta do regresso ao crescimento do petróleo
O Índice de Produção Industrial (IPI) manteve a marcha de crescimento em 2022, com uma subida de 3,4% face ao ano anterior, influenciado sobretudo pela evolução positiva de 2,4% das indústrias extractivas, que valem 87,2% de todo o índice, indicam os dados do anuário sobre IPI, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Também a produção das indústrias transformadas cresceu 5,1%. Este é o segundo ano consecutivo em que o indicador se fixa em terreno positivo, depois de quase sete anos no vermelho, o que para os especialistas é um sinal positivo para a economia angolana, porque o indicador contraria assim as quebras registadas desde 2014 até 2020, agravadas com o surgimento da pandemia da Covid-19 naquele ano.
O IPI mede a produção em quatro sectores, nomeadamente as indústrias extractivas, as indústrias transformadoras, a produção e distribuição de electricidade, gás e vapor, bem como a captação, tratamento e distribuição de água e saneamento. Contribuiu para os dados de 2022 o aumento verificado nas indústrias extractivas com o regresso ao crescimento da produção da extracção de petróleo (+1,7% face a 2021), depois de pelo menos quatro anos em terreno negativo, subsector que vale 85,3% de todo o IPI.
Também o crescimento de 25,8% da extracção de diamantes pesou para as melhorias verificadas no ano passado. Já em relação às indústrias transformadoras, cuja produção cresceu 5,1%, destaque para o crescimento de 10,9% verificado nas indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco, bem como de 7,5% na fabricação de têxteis, vestuários e calçados.
Mas nem tudo foi positivo nas indústrias extractivas já que a fabricação de produtos petrolíferos, químicos e outros caiu 5,0%, e nas indústrias metalúrgicas desceu 6,4%. Já a produção e distribuição de electricidade, gás e vapor cresceu 7,8%, enquanto a captação, tratamento e distribuição de água e saneamento cresceu 4,4%.Assim, contas feitas, o Índice de Produção Industrial cresceu 3,4% em 2022 face a 2021 o que, para alguns especialistas, é ainda muito pouco para as necessidades de industrialização que o país tem para garantir, entre outros aspectos, a auto-suficiência alimentar.
O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, disse, recentemente, que esta recuperação ainda não “aquece a economia”, mas reconhece que há sinais de recuperação da indústria em Angola. “Depois da crise financeira e económica e da estagnação da economia, este é um sinal positivo”, disse o patrão dos patrões, tendo garantido que é preciso mais investimentos na indústria.
Para o empresário Adérito Areias, que falava no III Fórum Indústria do Expansão, realizado na semana passada, é preciso investir nas pequenas indústrias para sustentar as grandes unidades fabris em Angola. Lembrou, por outro lado, que em Angola não existem indústrias de transformação, porque as que existem dependem das importações para desenvolver a sua actividade.