País tem 35 mil hectares disponíveis para o processo de industrialização

O país dispõe de cerca de 35 mil hectares destinados para a implementação, nos próximos anos, de pólos e parques industriais, revelou, recentemente, no Lubango, Huíla, a directora-geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola (IDIIA).
Filomena Oliveira disse que falta é a infra-estruturação destes espaços catalogados pelo Estado como terrenos para zonas industriais, a fim de os mesmos serem providos de condições necessárias para acolher indústrias de pequeno, médio e grande portes.
Parcerias
A directora-geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola fez saber, por outro lado, que a tarefa de infra-estruturar os milhares de hectares “não pode ser vista como responsabilidade exclusiva do Estado”.
Nesse sentido, defendeu o estabelecimento de parceria público-privadas para dinamizar o processo de infra-estruturação dos espaços existentes em todas as regiões do país no sentido de atrair empresários a investir no sector.
“Estamos a fazer o levantamento de todo património que temos sob nossa responsabilidade. Neste momento, sabemos que temos cerca de 35 mil hectares destinados à indústria, de acordo com a resolução 1/98. Devemos desenvolver em parceira com sector privado, academia e governos locais”, disse.
Confusão de fins úteis
Filomena Oliveira considera incompreensível a utilização, em muitas localidades do país, de terrenos agrícolas para a instalação de indústrias, quando “existem terrenos para o efeito”. Apelou aos governos provinciais e administradores municipais a orientar os investidores para melhor utilização destes espaços licenciados para indústrias diversas.
“Não faz qualquer sentido usar terrenos agrícolas para a implementação de indústria quando temos espaços vastos licenciados para isso. O argumento usado por alguns governos provinciais e administrações municipais para o efeito é a falta de capacidade para infra-estruturar”, disse.
Filomeno Oliveira disse que a infra-estruturação vai permitir materializar os serviços de água e energia considerados neste momento como os principais empecilhos para a concretização do plano de instalação de parques industriais.
Energia alternativa
Defendeu o uso de energia alternativa como a energia solar e eólica e do mar, aproveitando o potencial de quadros formados pelas universidades nacionais. “A água energia faz parte do sector primário. Se não estivermos a trabalhar em conjunto significa que depois alguma coisa vai faltar”, argumentou.
Pediu diálogo permanente e sistemático para a conjugação de sinergias entre os governos da província e os administradores municipais e o Instituto de desenvolvimento industrial e Inovação Tecnológica de Angola e o ministério da indústria e comércio para política única direcionamento da indústria.
Alinhamento de estratégias de planificação integrada
A directora-geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola defende a criação de estratégias de planificação integradas entre os diferentes sectores de actividade económica.
Filomena Oliveira afirmou que a sua falta dificulta o alcance dos resultados pretendidos no processo de desenvolvimento económico, porque dispersa recursos por falta de qualidade das despesas.
Para ela, a intervenção das instituições do Estado de todos sectores da economia deve, de forma integrada e sustentável, visar o alcance de resultados e objetivos preconizados.
Segundo a directora-geral a integração facilita a intervenção do Estado mediante a financiamento das cadeias produtivas e de valores, o que melhora a qualidade das despesas públicas e evita repetições.
“A cadeia produtiva nacional precisa que cada um dos sectores intervenientes na economia sobretudo o primeiro, segundo e terceiro conheçam o classificar das actividades económicas. Temos que ser capazes de identificar quem faz o quê, quando, como e aonde”, disse.
Disse que o trabalho integrado “não impede cada um saber do seu papel” Devemos trabalhar de forma integrada, mas cada um sabendo do seu papel.
“As instituições não podem trabalhar como se fossem concorrentes uma das outras. Trabalhando de forma integrada a qualidade de despesas do Estado é melhor, o orçamento geral do Estado é melhor aplicado e o resultado final é mais sustentável do que fazermos projectos desintegrados e desalinhados”, defendeu.
Filomena Oliveira afirmou que o financiamento da cadeia é melhor que de projectos isolados.
“O sucesso da nossa industrialização passa pelo financiamento das cadeias de valor, integrando todas as partes ou actores da cadeia. É preciso promover a interação sistemática entre os sectores primário, secundários e terciários”, defendeu.
Quer também a aposta na criatividade para a transformação de produtos agrícolas para agregar valores às culturas de milho, batata-doce, rena, massango e massambala, abóbora e outros em produtos de padarias e pastelaria.
“Não precisamos estar dependentes do pão de trigo, mas podemos utilizar mandioca, massambala, milho, ginguba. É essa criatividade que nos leva, a partir da cozinha, a acrescentar, vender e estimular o consumo de diferentes produtos”, disse a directora-geral do Instituto do Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola, criado a 10 de Agosto de 2021, pelo Decreto 192/21.
O Ministério da Indústria e Comércio realizou, recentemente, na cidade do Lubango, província da Huíla, o seu 3º Conselho Consultivo cuja a visão orientadora foi a da criação de estratégias e mecanismos de bens essenciais de consumo deve acontecer através do binómio produção agrícola e transformação industrial, aproveitando a entrada em execução dos planos Planagrão, Planapescas e Plapecuária concebidos para aumentar a produção nacional, segurança alimentar e nutricional.