Pagamento de dívida de Angola, Moçambique e Cabo Verde em 2023 vale 25% das reservas externas
A agência de notação financeira Fitch Ratings alertou que há oito países da África subsaariana com pagamentos de dívida pública em 2023 que representam um quarto das reservas externas. Nesta lista estão incluídos Angola, Moçambique e Cabo Verde.
A agência de notação financeira Fitch Ratings alertou que há oito países da África subsaariana com pagamentos de dívida pública em 2023 que representam um quarto das reservas externas, incluindo Angola, Moçambique e Cabo Verde.
“Para os oito países que reportaram as reservas individualmente nos últimos seis meses, quatro (Angola, República do Congo, Etiópia, Quénia e Moçambique) enfrenta pagamentos de serviço de dívida externa em 2023 equivalente a mais de um quarto das reservas reportadas, com Cabo Verde a ter de pagar o equivalente a 23% das reservas externas”, diz a Fitch Ratings.
De acordo com uma análise à dívida pública nos 18 países da África subsaariana cobertos por esta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, Angola lidera o volume de pagamentos de dívida até 2025, tendo sempre de pagar anualmente mais de 6 mil milhões de dólares, cerca de 5,6 mil milhões de euros, até 2025.
O relatório, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, especifica que Angola, no final deste ano, terá pago 6,48 mil milhões de dólares, que vão somar-se aos 6,7 do próximo ano, 6,4 em 2024 e 7,3 mil milhões de dólares em 2025.
“Os dados do Banco Mundial mostram que os valores agregados de pagamentos de dívida na África subsaariana em 2025 vão subir cerca de 7% para 26,8 mil milhões de dólares, com pagamentos na maturidade relativamente elevados em Angola, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Quénia, Namíbia e Nigéria”, escrevem os analistas.
A nível regional, os pagamentos chegarão aos 22,3 mil milhões de dólares, quase 21 mil milhões de euros, uma subida de cerca de 4% face aos 21,4 mil milhões de dólares (20,1 mil milhões de euros) que serão pagos até final deste ano.
O acesso aos mercados internacionais tem sido dificultado pela subida das taxas de juro pelos bancos centrais, que automaticamente encarece a emissão de títulos de dívida soberana, mas também os pagamentos dos cupões em dólares, já que tem havido uma depreciação generalizada das moedas africanas no seguimento da subida da inflação.
“O acesso aos mercados internacionais pode melhorar entre 2023 e 2025 se as taxas de juro globais recuarem face ao pico cíclico ou se o sentimento dos investidores internacionais melhorar, facilitando o refinanciamento”, escrevem os analistas da Fitch Ratings, alertando que “se o ambiente permanecer desafiante, cumprir os pagamentos da dívida através de levantamentos das reservas em moeda estrangeira pode aumentar as pressões sobre o ‘rating’ em vários países.