“Não acredito que venha a haver uma guerra entre o Ruanda e a RDC”

Em entrevista ao canal FRANCE 24, o Presidente de Angola, João Lourenço, afirmou que não acredita que esteja no horizonte uma guerra total entre o Ruanda e a República Democrática do Congo. O Presidente angolano disse ter esperança que os seus esforços de mediação para restaurar a paz no leste do Congo dêem frutos. João Lourenço explicou que o grupo rebelde M23 estava a respeitar o cessar-fogo alcançado há algumas semanas e que o próximo passo seria a contenção e o desarmamento do grupo.
Lourenço disse que Angola está disposta a enviar 500 militares para a região para cumprir essa tarefa. O Presidente angolano sublinhou que o que é necessário agora é acelerar o processo, indicando que as autoridades congolesas ainda têm de se preparar totalmente para essa fase. O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, foi útil ao colocar os oficiais angolanos em contacto com a liderança do M23. O presidente angolano afirmou que este facto demonstra que Kagame está empenhado em ajudar a encontrar uma solução e não em alimentar a violência, como afirmam as autoridades congolesas.
O Presidente angolano manifestou profunda preocupação com a escalada de violência no Sudão, apelando a um cessar-fogo e à procura urgente de uma solução duradoura. Relativamente à guerra na Ucrânia, distanciou-se do Presidente brasileiro Lula da Silva, que afirmou que o líder ucraniano é tão responsável pela guerra na Ucrânia como o Presidente russo Vladimir Putin. O Presidente angolano sublinhou que Angola defende a preservação da integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia. Apelou à China e aos EUA para darem as mãos na procura de uma solução para esta guerra, argumentando que só as duas superpotências, trabalhando em conjunto, poderiam alcançar tal resultado.
Relativamente à filha do antigo Presidente angolano Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, acusada de desvio de fundos públicos, João Lourenço disse que esta não tem nada a temer se não tiver nada a esconder. O governante referiu que a Interpol emitiu um aviso vermelho para a sua detenção, mas recusou-se a especular se o mesmo será implementado num futuro próximo.