Ministro dos petróleos defende transição energética justa e segurança energética
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás salientou que a transição energética deve ser “justa” e defendeu que o tema da segurança energética se tornou fundamental, em especial depois do início da guerra na Ucrânia
Diamantino Azevedo falava em Luanda à margem de um evento sobre minerais críticos para a transição energética, integrado nas jornadas alusivas ao Dia do Trabalhador Mineiro Angolano que se celebra a 27 de abril.
O governante disse que não vale a pena insistir em falar só em transição energética, mas tanbém na segurança energética: “a guerra Russia-Ucrania ajudou-nos a olhar para esse conceitos. Começámos com a transição energética, mas nós, países produtores de hidrocarbonetos falámos sempre de uma transição energética justa e hoje o conceito fundamental é o da segurança energética”.
Diamantino Azevedo realçou também que a transição energética é também digital e mineral “porque, na realidade, é o momento em que certos minerais deixam de ter um protagonismo e outros minerais passam a ter outro protagonismo, mas a sociedade, o mundo, não se vai livrar dos minerais se quiser manter ou melhorar a qualidade de vida que tem actualmente”
Defendeu, por isso, um equilíbrio entre a necessidade de exploração dos minerais e os aspectos ambientais e climáticos.
Para o ministro, o fim do uso do petróleo está ainda distante, já que mesmo que sejam encontradas alternativas à utilização como combustível, esta matéria-prima é também um componente essencial da industrial petroquímica.
“O petróleo está para ficar por muito e muitos anos e mesmo como combustível não será nas próximas décadas que vamos prescindir do uso de hidrocarbonetos”, salientou.
Considerou ainda que, tão ou mais importante do que ter os minerais, é avançar para a sua transformação.
“Se tivermos capacidade de refinação, petroquímica, stockagem, mesmo se um dia tivermos pouca produção teremos capacidade para adquirir esses produtos e transformar o país “, realçou, dando como exemplo Singapura “que nem petróleo tem e tem um dos maiores parques de refinação do mundo”.
Na mesa-redonda, moderada pelo secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, intervieram vários especialistas ligados ao sector, que abordaram o futuro dos minerais críticos para a transição energética e o seu desenvolvimento em Angola.
Fontes renováveis como energia solar e energia eólica dependem de vários grupos de minerais dos quais se destacam lítio, cobalto e níquel (para baterias), terras raras (usadas para fabricar ímanes usados em alguns tipos de turbinas eólicas e nos carros elétricos) e grafite também fundamentais para a fabricação de baterias, explicou Tânia Hung da ANRM.
Em Angola foram já identificados 51 elementos ou ocorrência minerais consideradas críticas para a transição energética e para algumas economias, mas o ministro Diamantino Azevedo foi cauteloso distinguindo o potencial da produção.
“Nem toda a prospeção resulta numa mina, temos informação sobre ocorrências e anomalias e isso é uma informação importante para atrair os investidores, mas não criemos falsas expectativas”, disse.
Destacou que a extensão até sete anos dos títulos mineiros serve precisamente para que se possa fazer a prospeção, que pode não resultar em reservas para desenvolver um projeto mineiro.
“Temos de ter este cuidado, temos de ter uma atitude pedagógica”, acrescentou, explicando que há “indícios” de vários minerais críticos, mas só os diamantes e o ouro estão já a ser explorados.
No evento, Jacinto Rocha, presidente da Agência Nacional dos Recursos Minerais, apontou também o que tem sido considerado uma “contradição” tendo em conta o facto das energias limpas dependerem dos minerais “sujos” para se desenvolverem, aludindo à exploração mineira.
Jacinto Rocha notou que Angola deve também definir quais são os minerais que considera críticos para se posicionar nesta indústria e adiantou que o país já recebeu pedidos de prospeção de lítio, terras raras, cobre e manganês, entre outros.