Mauritanos vão às urnas para escolher novo parlamento e governos locais

Os mauritanos vão às urnas neste sábado, 13 de Maio, em eleições legislativas e locais que são um teste para o Presidente Mohamed Ould Ghazouani, um ano antes das eleições presidenciais que terá lugar em 2024.

Vinte e cinco partidos disputam os votos de cerca de 1,8 milhões de eleitores nesta primeira eleição desde que, em 2019, Ghazouani assumiu o poder do vasto e árido país da África Ocidental, conhecido como um dos poucos polos de estabilidade no Sahel, uma região perturbada por inúmeros ataques jihadistas.

O partido no poder, El Insaf, é amplamente favorito, uma vez que é o único que apresenta candidatos em todos os círculos eleitorais. Neste escrutínio os mauritanos vão eleger 176 deputados, 15 conselhos regionais e 238 conselhos municipais. Os resultados oficiais das eleições poderão ser anunciados 48 horas após o escrutínio.

O partido maioritário, apoiado pelo presidente, o El Insaf, é o grande favorito, uma vez que é o único partido a apresentar candidatos em todos os círculos eleitorais, especialmente nas zonas rurais. “O El Insaf vai garantir a maioria em todas as eleições e o Presidente Ghazouani vai reforçar as suas hipóteses de ser reeleito em 2024”, refere Adam Hilelly, analista da 14 North Strategies, uma consultora americana especializada em África, citada pela Agência France Press (APF).

Não existe ameaça para partido no poder
Ghazouani, de 66 anos, militar com a patente de general, é considerado um dos grandes arquitectos do sucesso da Mauritânia contra o jihadismo desde 2011, na sua antiga qualidade de chefe do exército, tem-se de se pronunciar sobre a possibilidade de se candidatar a um segundo mandato. Contudo, a sua candidatura é considerada um dado adquirido na Mauritânia.

Os principais adversários do partido El Insaf são o movimento islamista Tewassoul, o maior partido da oposição na Assembleia cessante, e o Sawab, de inspiração nacionalista árabe, que beneficia de uma aliança com o activista anti-escravatura Biram Dah Abeid, segundo classificado nas últimas eleições presidenciais, e cujo próprio partido está impedido de concorrer.

As formações políticas da oposição não se apresentam em grande parte dos círculos eleitorais, não constituindo uma ameaça para o partido no poder, que dispõe de uma maioria confortável na Assembleia cessante. Desde a introdução do multipartidarismo em 1991, os presidentes mauritanos sempre contaram com uma forte maioria na Assembleia.

A campanha, que teve início dia 27 de Abril, encontra-se na fase final. Em Nouakchott, a capital, os principais partidos têm montadas grandes tendas que ganham vida à noite, com discursos de militantes, concertos e danças tradicionais. “É o partido do Presidente, a sua política social e o seu projecto económico para a Mauritânia que nos orgulham e é por isso que o apoiamos”, declarou Mohamed Ould Chennan, 60 anos, economista, à AFP.

Uma campanha eleitoral pacífica
O ambiente é diferente no bairro operário de Dar Nain, onde se acredita nas hipóteses da oposição. “Apoio Biram, o campeão da luta pela emancipação dos negros. O seu discurso, o seu dinamismo, o seu empenho agrada-me”, explica Amadou Mamadou, 35 anos, professor. Biram Dah Abeid é um opositor histórico que tem batalhado pelos direitos da população descendentes de escravos, comunidade à qual pertence, num país com uma população heterogénea, dividida entre mouros árabes-berberes, descendentes de escravos e grupos de origem subsariana.

A sul de Nouakchott, reduto dos islamistas do Tawassoul, é o sonho da vitória e da aplicação estrita da lei islâmica que domina. “Vai criar riqueza e dar esperança ao país”, refere o apoiante Brahim Ould Saleck, 28 anos, comerciante.

A campanha tem decorrido num ambiente calmo. Um diálogo entre a oposição e o governo, no início do ano, permitiu chegar a um consenso sobre a organização do escrutínio. “Esta é a primeira eleição que se realiza num clima de consenso geral entre todas as forças políticas do país”, declarou o Presidente numa mensagem na véspera do lançamento da campanha, elogiando os seus quatro anos no poder.

Após um abrandamento económico, devido à pandemia de Covid-19 e à guerra na Ucrânia, Ghazouani fez da luta contra a pobreza uma das suas prioridades. Levou a cabo um ambicioso programa social que inclui a distribuição de alimentos e dinheiro às pessoas mais carenciadas.

Embora as perspectivas económicas sejam boas, o país é afectado por uma inflação estimada em 9,5% em 2022 pelo Banco Mundial. Assim, o aumento do custo de vida é uma das principais preocupações dos eleitores.

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