Mais de cinco mil pessoas mobilizadas para celebrar a paz alcançada há 21 anos

Mais de cinco mil pessoas estão mobilizadas para participar do acto central das comemorações do 4 de Abril, Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, na Marginal de Moçâmedes, província do Namibe, esta terça-feira. A cerimónia será presidida pela ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote.
Este dado foi avançado, segunda-feira, pelo governador do Namibe, Archer Mangueira, considerando que esta escolha do Executivo tem como base o facto da província ter sido um território que acolher algumas fases das negociações para a paz em Angola.
“O 4 de Abril é o dia em que celebramos o Dia da Paz em Angola e o Namibe foi, também, uma das províncias que teve presença em todo o processo político, que conduziu à assinatura dos acordos de paz. Portanto, é uma boa decisão que o Executivo tomou, para desta vez, celebrarmos esta data na nossa província. E, certamente, haverá muita participação e está toda a organização montada para festejarmos bem a segunda data mais importante para o povo angolano, depois do dia da Independência”, reforçou. O porta-voz da organização do acto central das celebrações dos 21 anos da paz, Valério Arcanjo, que reconfirmou estarem mobilizadas mais de cinco mil pessoas para assistirem o evento, anunciou à imprensa o programa das actividades.
Referiu que está agendada a recepção da delegação, proveniente de Luanda, pelas 7 horas e 30 minutos desta terça-feira, seguida da deposição da coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido, marcado para as 9 horas.
Consta, igualmente, do programa a entrega de 40 ambulâncias ao sector da Saúde, adquiridas pelo Governo do Namibe, para reforçar as unidades sanitárias dos cinco municípios da província, a inauguração de um complexo residencial de 20 casas para os professores, no bairro 4 de Março, arredores de Moçâmedes, plantação de árvores, na mesma circunscrição, e deslocação à comuna do Bentiaba, com o intuito de visitar sítios históricos da lendária da cadeia de ex-São Nicolau.
Cidadãos exaltam conquistas
Os habitantes da província do Namibe enaltecem os ganhos alcançados nos vários domínios da vida social e económica ao longo dos 21 anos de paz.
Para a directora municipal da Educação de Moçâmedes, Inês da Conceição, a melhor conquista ao longo deste tempo foi a livre circulação de pessoas e bens: “Hoje, já podemos circular em qualquer canto do país, sem receio de situações perigosas que possam ocorrer. A livre circulação de pessoas e bens é um dos maiores ganhos que tivemos com a paz”.
Já o líder comunitário Avelino Tchipenda aponta o crescimento económico, a reabilitação de infra-estruturas e a atracção de investimento estrangeiro como conquistas nas últimas duas décadas.
“Desde que o país está em paz, conseguimos uma óptima circulação nas estradas reabilitadas, o que não havia no tempo da guerra. As pessoas desenvolveram os seus projectos e o comércio hoje já é feito em todos os cantos do país. Os campos, que eram minados no período do conflito, actualmente, voltaram a receber a produção agrícola, assim como temos um desenvolvimento académico com muitas pessoas a estudarem”, sublinhou.
Governadora apela ao respeito pelos símbolos nacionais
A governadora provincial da Lunda-Norte, Deolinda Vilarinho, apelou, ontem, no Dundo, aos jovens a respeitarem os órgãos de soberania e os símbolos nacionais, de acordo com a Constituição da República, sem esquecerem os valores culturais. Ao intervir na palestra sobre o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, a assinalar-se hoje, desde que se rubricou a assinatura dos acordos, a governante justificou que o futuro está entregue à nova geração, daí que a boa conduta, através da observância dos nobres princípios, se afigura como premissa para uma Angola melhor.
“A paz é um bem que os angolanos conquistaram com muito suor. Por isso, a nova geração a quem está entregue o futuro deste país deve ter boa conduta social, respeitando os órgãos de soberania e símbolos nacionais, de acordo com a Constituição, a Lei e os valores culturais”, defendeu.
Todos os angolanos, segundo Deolinda Vilarinho, são chamados a unirem esforços com vista à preservação da paz, transmissão dos valores da fraternidade, solidariedade, unidade e justiça social.
A promoção do espírito de tolerância e respeito mútuo são, na óptica da governadora, princípios que devem sempre ser a tónica dominante entre os patriotas, para se evitar em males que provocam a instabilidade, arruaças entre as comunidades e a destruição de bens públicos.
Antes da tomada de qualquer decisão que leve ao desrespeito dos órgãos do Estado, legalmente instituídos, todos precisam reflectir sobre a importância e dimensão do conceito de paz, realçou.
Deolinda Vilarinho teceu estas considerações, quando falava, ontem, às congregações religiosas nacionais, autoridades tradicionais e outras organizações, pela “solidariedade em termos de contributo que prestaram para a pacificação dos espíritos, ajudando a fazer de Angola modelo de um país tranquilo”.
“Reconhecemos, também, as actividades diárias que promovem com os cidadãos para a preservação da paz social, resgate da moral e da convivência harmoniosa”, destacou a governadora da Lunda-Norte.
Afirmou que são visíveis os sinais da reconstrução em todo o país nos vários domínios da vida. De modo particular, a Lunda-Norte, disse Deolinda Vilarinho, assinalou o surgimento de novas infra-estruturas e reabilitação de outros equipamentos de impacto socioeconómico.
A governadora mencionou avanços nos sectores cruciais para a vida das pessoas, como Saúde, Educação, Ensino Superior, Energia, Águas, Vias de Comunicação, Instalações Desportivas e outros. Para Deolinda Vilarinho, um reconhecimento especial deve ser dado aos investimentos que o Executivo aplicou nas acções de desminagem em todo o território nacional, sobretudo, nas infra-estruturas rodoviárias que possibilitam hoje a livre circulação de pessoas e bens essenciais para o consumo.
Destacou, igualmente, os campos agrícolas que constituem a aposta para a materialização do ambicioso programa do aumento da produção inter-na, admitindo que os desafios são enormes para se alcançar o nível de vida que os cidadãos na Lunda-Norte almejam, mas apontou que, com a conjugação de esforços entre todas as forças vivas locais, os resultados da empreitada vão certamente ser satisfatórios.