Madeireiros elogiam Decreto Presidencial sobre suspensão da exportação de madeira bruta
O presidente da Associação dos Madeireiros do Cuando Cubango, Miguel Tchiova, afirmou que o Executivo tomou uma boa decisão com a aprovação deste Decreto que visa valorizar a matéria-prima no país.
Os madeireiros na província do Cuando Cubango aplaudem a aprovação do novo Decreto Presidencial que suspende a exportação de madeira bruta, durante um período de três anos, e dizem que esta medida vai dar um maior impulso à economia e à criação de postos de trabalho no país, noticiou o Jornal de Angola.
O presidente da Associação dos Madeireiros no Cuando Cubango, Miguel Tchiova, afirmou que o Executivo tomou uma boa decisão com a aprovação deste Decreto que visa valorizar a matéria-prima no país e também a criação de várias indústrias de mobiliário para residências, escritórios e escolas.
Miguel Tchiova disse que o Estado angolano estava a ser muito prejudicado com a exportação da madeira bruta em forma de blocos, semi-blocos, toros e panchões, que favorecia mais ao país que recebia o produto para depois o transformar em diversos apetrechos.
Assegurou que o país ao exportar a madeira já transformada em produtos acabados haverá maior valorização e o preço aumentará consideravelmente, permitindo que as empresas do sector possam trabalhar todo o ano e não apenas durante a fase da campanha florestal, que decorre de 1 de Maio a 31 de Outubro.
Segundo Miguel Tchiova, uma das vantagens deste novo Decreto é que haverá também o surgimento de várias indústrias de transformação de madeira e com isso a criação de mais empregos para a juventude, porque as empresas terão que criar as condições necessárias para trabalhar a madeira.
“Com o antigo Decreto, registámos muitos desperdícios de matéria-prima que saía da madeira, mas com esta medida de transformação haverá maior aproveitamento de produtos que eram desaproveitados por falta de indústrias transformadoras”, disse, acrescentando que por este facto a medida é boa e que tem muitas vantagens para a economia nacional, assim como para a classe empresarial e a população.
Na sua visão, o Governo só teve um pequeno erro pelo facto de não ouvir, antes da criação e aprovação desta nova lei, a opinião das comunidades locais e as empresas do sector, no sentido de se recolher contribuições e saber até que ponto os madeireiros estão capacitados para estes novos desafios, porque muitos não terão capacidade e vão encerrar os seus estaleiros.
Miguel Tchiova disse que apesar de o Decreto ter boas intenções, na prática pode não andar conforme o almejado, porque há elementos que não foram acautelados e por este facto aconselhou a criação de uma equipa técnica para trabalhar no terreno com os madeireiros e as comunidades nos locais de exploração de madeira.
Recordou que em 2018, o Governo proibiu o corte da madeira do tipo mussivi e que até agora não se fez uma avaliação se os objectivos pretendidos foram ou estão a ser alcançados quanto à proibição até agora da exploração desta espécie.
“O mesmo pode acontecer na aplicação deste novo Decreto da suspensão de exportação de madeira bruta, caso não se defina os verdadeiros objectivos que se pretendem nos próximos três anos, com realce para quantas empresas e empregos se pretende criar no país neste sector”, disse.
Falta de financiamento
Miguel Tchiova disse que a Lei que proíbe a suspensão da madeira bruta teria mais impacto para as empresas do sector caso o Executivo criasse numa primeira fase condições de apoio aos madeireiros em termos de financiamento ou entrega de equipamentos em forma de crédito.
“É necessário que o nosso Executivo facilite o acesso ao crédito para que as empresas nacionais possam dedicar-se à exploração e transformação da madeira em produtos acabados”, defendeu, acrescentando que até agora os que fazem maior aproveitamento da Lei de Bases de Floresta e Fauna Selvagem são as empresas estrangeiras, porque têm capitais ou financiamentos.
Segundo Miguel Tchiova, as empresas angolanas que operam sobretudo no Cuando Cubango na exploração de madeira nunca beneficiaram de nenhum financiamento e isto faz com que toda a madeira transformada que sai da província é produzida pelas empresas estrangeiras.
Com a aprovação deste novo Decreto, o Executivo deve financiar as empresas nacionais, porque só desta forma é que o país terá o verdadeiro aproveitamento e vantagens, principalmente com maior destaque na arrecadação de receitas e a criação de centenas de postos de trabalho.