Macron em périplo africano com passagem por Angola

O Presidente francês, Emmanuel Macron, chega hoje, dia 2, a Angola, no âmbito de um périplo por quatro países africanos.
Em Libreville, no Gabão, onde chegou ontem à noite, Macron participou hoje, ao lado do seu homólogo Ali Bongo Ondimba, na ‘One Forest Summit’, um encontro internacional com vários chefes de Estado da África Central sobre a preservação das florestas tropicais, essencial na luta contra o aquecimento global.
A cimeira, co-organizada pelos dois países, visa encontrar “soluções concretas” para a conservação das florestas, protecção climática e de espécies num contexto de alterações climáticas, mas “não terá como objectivo adoptar novas declarações políticas”, sublinharam antecipadamente os organizadores. A principal finalidade da conferência é a implementação dos objectivos estabelecidos pelo Acordo Climático de Paris (2015) e pela COP15 de Montreal sobre biodiversidade (2022).
O chefe de Estado francês visitou o parque Raponda Walker Arboretum pela manhã, uma das áreas protegidas na costa gabonesa a norte de Libreville, antes de se deslocar ao palácio presidencial para encontros com cientistas, ONG’s e actores do sector privado à tarde.
Outros chefes de Estado, incluindo Denis Sassou-Nguesso (Congo-Brazzaville), Faustin-Archange Touadéra (República Centro Africana), Mahamat Idriss Déby Itno (Chade) e Teodoro Obiang (Guiné Equatorial) estiveram presentes no evento.
Influência decrescente
Todavia, a visita de Macron foi criticada pela oposição gabonesa, que o acusa de “apoiar” Ali Bongo, eleito em condições controversas em 2016 e provável candidato à reeleição este ano.
Esta é a décima oitava viagem de Emmanuel Macron a África desde o início do seu primeiro mandato de cinco anos, em 2017, onde a influência e presença francesas estão em declínio.
Recentemente, o exército francês foi expulso do Mali e do Burquina Faso pelo poder militar no poder nestes dois países. O Burquina Faso acaba também de denunciar um “acordo de assistência militar” assinado em 1961 com a França, logo após a independência do país.
Com os mercenários do grupo russo Wagner e as campanhas de desinformação que alimentam o sentimento anti-francês, Moscovo está a tentar substituir Paris, numa zona de influência histórica francesa.
Antes de iniciar esta viagem por África, Emmanuel Macron delineou a estratégia africana para os próximos quatro anos a partir de Paris. Defendeu a “humildade” e encorajou uma nova parceria “equilibrada” e “responsável” com os países africanos. Anunciou também uma redução da presença militar francesa, que se tem concentrado nos últimos dez anos na luta contra o jihadismo no Sahel.
Depois do Gabão, o presidente francês visitará Angola, o Congo e a República Democrática do Congo. Em Angola, Macron assinará um acordo para desenvolver o sector agrícola. Depois, fará uma breve escala em Brazzaville, antes de concluir a sua visita na República Democrática do Congo (RDC), uma antiga colónia belga, mas também o maior país francófono do mundo, onde o Presidente Félix Tshisekedi, no poder desde Janeiro de 2019, se prepara para uma reeleição este ano. Em alguns círculos, a França é acusada de apoiar o Ruanda, na rebelião que dilacera o leste da RDC.