Lula quer trabalhar com China para equilibrar geopolítica mundial
O Presidente do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva, disse hoje à Lusa que quer trabalhar com a China para “equilibrar a geopolítica mundial” e “ampliar as trocas comerciais”, num encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.
O chefe de Estado brasileiro, que termina hoje uma visita de dois dias à China, afirmou que quer elevar o patamar da parceria estratégica entre os países, ampliar os fluxos de comércio e junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial.
Lembrando que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a China como economia de mercado, Lula disse que a parceria entre Brasília e Beijing “tem o potencial de consolidar uma nova relação entre os países em desenvolvimento no âmbito global”.
A reunião ocorreu no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, no centro de Beijing. A Assembleia Popular Nacional é o órgão máximo legislativo da República Popular da China.
Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.
O grupo reuniu-se pela primeira vez em 2009 na altura ainda sem a África do Sul, na sequência da crise financeira global, e logo estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto.
Na visão de Beijing e Moscovo, a ascensão dos BRICS ilustra a emergência de “um mundo multipolar”, expressão que concentra a persistente oposição dos dois países ao “hegemonismo” ocidental e, em particular, dos Estados Unidos.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral passando de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 150 mil milhões, em 2022.
O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20% das importações agrícolas do país asiático.