Lucro da banca recupera e atinge 755 milhões USD em 2021
Os bancos angolanos registaram uma recuperação significativa do seu lucro líquido, graças à melhoria robusta do seu desempenho em termos de receitas e uma inversão de provisões para outros activos financeiros na sequência da melhoria do rating soberano do país em Julho de 2021.
Os activos combinados dos 23 bancos angolanos que reportaram as suas contas em 2021 chegaram a 16,134 mil milhões Kz (29,1 mil milhões USD), uma redução de 3,0%, interrompendo uma tendência ascendente observada nos últimos anos. Esta evolução reflecte, em grande parte, uma redução do montante que bancos investiram em instrumentos de tesouraria, embora estes continuassem a representar quase um terço do total do património do sector.
Os números do balanço também mostraram que os empréstimos líquidos continuaram a recuperar (4,8% YoY), contrastando com os depósitos que diminuíram (-3,9% YoY) no mesmo período, após os acentuados aumentos dos últimos anos.
Como esperado, a apreciação do kwanza em 2021 teve um impacto material, tanto nos empréstimos como nos depósitos em moeda estrangeira. Globalmente, os empréstimos líquidos representaram 18,9% do total do activo do sector, 17,5% acima de 2020, enquanto os empréstimos em moeda nacional atingiram 78,1% de total de empréstimos (vs. 67,2% em 2020).
Os depósitos continuaram a ser a principal fonte de financiamento do sector e representavam 87% do passivo total.
A qualidade do crédito melhorou ligeiramente em 2021. Os números do balanço também evidenciaram um declínio contínuo da quantidade de NPLs no sector no período, graças a uma melhoria dos níveis de qualidade de activos nos maiores bancos, excepto no BPC. Dito isto, os nossos cálculos mostraram que os NPLs combinados dos cinco maiores bancos ainda representavam 88,7% do total (48,5% só para o BPC). Também revelaram que o rácio total de NPL (ex-BPC) diminuiu de 17,0% para 15,0%, com a cobertura NPL a aumentar para 159% (de 148% em 2020.
Os bancos angolanos registaram uma recuperação significativa do seu lucro líquido, graças à melhoria robusta do seu desempenho em termos de receitas e uma inversão de provisões para outros activos financeiros na sequência da melhoria do rating soberano do país em Julho de 2021.
O seu lucro líquido combinado atingiu 419,093 milhões Kz (755 milhões USD) no período, em comparação com uma perda de -200,286 milhões Kz no ano anterior. O sector bancário permaneceu bem capitalizado em 2021, tendo o Bando Nacional de Angola (BNA) declarado que o rácio de solvabilidade total do sector melhorou de 19,7% em 2020 para 24,2% no ano passado.
No final de 2021, o sector bancário angolano era constituído por 25 operadores com autorização do BNA para operar no país. Em 2020, havia 26 bancos mas, entretanto, o Banco Central revogou a licença bancária do Banco Kwanza Invest (BKI) no início de 2021, após esta instituição não ter cumprido os requisitos de adequação de capital.
Em 2021, em contrário dos cinco anos anteriores, a economia angolana registou um crescimento, embora diminuto (0,7%). Esta recuperação foi sustentada pelo sector não-petrolífero, que recuperou 6,1% (de -5,0% em 2020). O sector petrolífero continuou a registar uma contracção pelo sexto ano consecutivo (-11,5% em 2021) devido ao declínio contínuo da produção de crude no país.
Entretanto, a inflação anual manteve uma trajetória ascendente que em grande parte decorreu do período pandémico, atingindo o pico de 27,0% em vários anos. Apesar da estabilidade contínua da taxa de câmbio do kwanza, a evolução da taxa de inflação reflectiu a pressão persistente sobre o custo dos produtos alimentares, sendo este responsável por cerca de 70% do aumento dos preços globais no consumidor.
Como resultado, a necessidade de tentar conter inflação levou a que o Banco Central aumentasse agressivamente a taxa BNA em 450bp para 20% em Junho, mantendo uma política monetária rigorosa durante todo o ano.