Governo propõe cooperação linguística entre o português e as línguas africanas

O ministro da Cultura, Filipe Zau, sugeriu ontem, em Luanda, uma cooperação estreita entre a língua portuguesa e as línguas africanas, com vista à partilha de conhecimentos linguísticos e culturais entre os Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Ao discursar na abertura da 6.ª edição da Semana da Língua Portuguesa, promovida no âmbito das comemorações do Dia da Língua Portuguesa e das Culturas dos Estados-Membros da CPLP e o Dia Mundial da Língua Portuguesa, Filipe Zau defendeu que para a existência desta cooperação, é necessário a promoção e valorização das línguas africanas como património linguístico.

“É dentro dessa valorização como património linguístico que nós sugerimos que, futuramente, haja uma cooperação estreita entre a língua portuguesa e as línguas maternas africanas de Angola, embora a língua portuguesa também seja a língua materna de muitos angolanos”, apontou.

De acordo com o governante, citado pelo joenal de Angola, houve uma estreita ligação entre a língua portuguesa e as línguas africanas, nomeadamente nas igrejas e nas comunidades tradicionais. “Isto acontece até hoje, mas anteriormente, até à primeira República, essa cooperação foi efectiva, inclusivamente com os dicionários e manuais que se produziam”, contou.

Na ocasião, Filipe Zau sustentou igualmente, a necessidade de os falantes do português veicularem da melhor maneira e com maior eficácia a comunicação, evitando a aculturação de outras línguas.

O ministro acrescentou ainda, que se o utente não tiver uma comunicação em língua portuguesa extremamente competente, acaba por ter algum problema e vai recorrer às outras línguas. “Este é o desafio que teremos. Fizemos consulta pública às línguas de Angola e as mesmas vão ser levadas à Assembleia Nacional”.

Relativamente às línguas africanas, destacou as principais razões para a sua introdução no sistema de ensino, na opinião de Joseph Poth, que decorre, essencialmente, do elevado índice de reprovações verificadas na escola primária, por falta da necessária competência linguística na língua de escolarização de origem europeia, e não só, bem como dos progressos e não pela psicologia, realçando a importância primordial da língua materna no desenvolvimento psicomotor, afectivo, moral e cognitivo da criança.

“As missões católicas, protestantes e laicas, dada a sua inserção rural, tiveram sempre como preocupação o ensino religioso nas línguas africanas, apesar das dificuldades que lhes eram, por vezes, levantadas pelo poder político”, citou.

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