Gás com potencial para render 100 mil milhões de USD a Moçambique, diz consultora

A consultora internacional Deloitte concluiu que as reservas de gás natural de Moçambique representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares, destacando a importância internacional do país na transição energética.

“As vastas reservas de gás do país poderão fazer de Moçambique um dos 10 maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, refere o relatório de 2024 da consultora internacional sobre as perspectivas energéticas de África, dedicado a Moçambique, a que a Lusa teve acesso.

Assim, o país poderá “contribuir significativamente para as necessidades energéticas mundiais, tanto durante o período de transição energética como estabelecendo capacidades fortes em toda a cadeia de valor das energias renováveis. A transição para as energias renováveis apresenta uma oportunidade para responder às necessidades energéticas do país, ao mesmo tempo que ultrapassa a adopção de tecnologia e desenvolve cadeias de valor locais e as novas competências para satisfazer estas necessidades da indústria”, lê-se no documento.

O relatório aponta que se espera que o gás natural “traga cerca de 100 mil milhões de dólares de receitas para Moçambique ao longo do seu ciclo de vida” e que o país tem ainda uma vantagem competitiva significativa em energias renováveis com activos hidroelétricos, como a barragem de Cahora Bassa (2.000 MW) e o “potencial futuro”” da barragem de Mphanda Nkuwa (1.500 MW), “permitindo a descarbonização da indústria regional”.

O país também tem um elevado potencial solar, destaca o documento, referindo-se às centrais (80 MW) que já foram instaladas em Mocuba e Metoro.

Com medidas eficazes, Moçambique poderá tornar-se um centro energético na África austral, aponta o relatório. Medidas como a definição de um plano estratégico para cada fonte de energia, o desenvolvimento das cadeias de valor e indústrias locais ligadas às energias renováveis e produtos associados, a atracção do sector privado, a promoção da liberalização económica e modificações ao quadro jurídico.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado. Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona estivesse segura.

O outro é o investimento, ainda sem anúncio à vista, liderado pela ExxonMobil e ENI (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto, concluído e de menor dimensão, pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa, refere a Lusa.

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