G7 cimenta confiança em Angola

A cimeira do G7, que teve lugar em Itália na passada sexta-feira, dia 14, revelou-se frutuosa para Angola. Este conjunto de países – onde estão inseridas as economias mais ricas do mundo – disponibilizou um financiamento de 320 milhões de USD para o Corredor do Lobito aprovado no âmbito da Parceria para as Infra-Estruturas e o Investimento Globais (PDII).
Igualmente a administração da agência norte-americana International Development Finance Corporation (DFC) já aprovou um empréstimo de 350 milhões de USD que envolve também o Development Bank of Southern Africa (DBSA).
Estes dois financiamentos têm duas finalidades diferentes. O primeiro destina-se a apoiar os investimentos a realizar do projecto de desenvolvimento do corredor económico do Lobito, sendo a componente mais relevante a sua expansão para Zâmbia, aproximadamente 700 quilómetros de ferrovia, 200 dos quais no interior de Angola. O segundo irá para o Lobito Atlantic Railway (LAR), construído pela Mota-Engil, Trafigura e Vecturis e destina-se a suportar os custos de investimento da concessionária à luz das obrigações contratuais assumidas.
Confiança política em Angola
No caso do financiamento aprovado pelo G7, está agora em curso todo o trabalho preparatório para que ainda este ano se concluam as condições, estudos de viabilidade, projectos técnicos dos traçados, meios necessários e bases legais para a concessão, permitindo o envolvimento do sector privado que irá construir e operar a infra-estrutura.
Este envolvimento do G7 com Angola revela a confiança que este grupo tem no governo angolano chefiado por João Lourenço, o que demostra que há uma clara dimensão política neste projecto. Além disso, tratando-se de um investimento com impacto transfronteiriço, é também uma forma dos G7 contrariar a estratégia da China contemplada na chamada nova rota da seda, a qual assenta no apoio ao desenvolvimento de infra-estruturas em África.
Concessão por 30 anos
Um dia depois do financiamento ter sido garantido pelo G7, João Lourenço, desafiou os países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) a construírem infra-estruturas rodoviárias de forma a desenvolver a mobilidade e as trocas comerciais entre si.
O Corredor do Lobito estende-se por quase 1.300 quilómetros em Angola, continuando depois por 400 quilómetros na República Democrática do Congo (RDC), chegando posteriormente à Zâmbia. A sua operação foi entregue em Julho de 2023 ao consórcio LAR. Este terá a concessão por um período de 30 anos.
O projecto de reabilitação do Corredor do Lobito implica um investimento de mais de 500 milhões de dólares durante a vigência da concessão, com um financiamento potencial de pelo menos 350 milhões de USD do DFC e do DBSA. O investimento irá permitir a renovação de troços da linha férrea e infra-estruturas associadas, além de garantir mais de 1.500 vagões e 35 locomotivas.