Energia renovável chega mais de um milhão de pessoas em Benguela

A maior central solar fotovoltaica de Angola, no Biópio, Benguela, entrou em funcionamento esta quarta-feira, após ser inaugurada pelo Presidente da República, João Lourenço, levando energia eléctrica de origem renovável a mais de um milhão de pessoas, em especial em meios rurais.

A maior central solar fotovoltaica de Angola, com 188,8 Megawatts (MW) de potência e 509 mil e 40 painéis, entrou em funcionamento esta quarta-feira, após ser inaugurada pelo Presidente da República, João Lourenço.

Construída na comuna do Biópio, município da Catumbela, a norte da província de Benguela, pelo consórcio que reúne a empresa norte-americana Sun Africa LCC e a construtora portuguesa MCA, a central solar implicou um investimento de 256 milhões de euros e vai permitir reforçar o sistema eléctrico nacional com energias limpas.

A cerimónia de inauguração, que contou também com a presença da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, e  auxiliares do Titular do Poder Executivo, marcou o arranque, a 100%, deste parque solar do Biópio, um ano e quatro meses após o início das obras e dos testes e ensaios realizados.

A linha de transmissão eléctrica de 220 Kv para escoar a energia desta central para a sub-estação já existente no Biópio e dali para o posto de seccionamento naquela região foi concluída, num total de 1575 metros, possibilitando a injecção dos 188, 8 MW de energia na rede interligada nacional.

O projecto, o segundo implantado na província de Benguela, depois do da Baía Farta, com 96 MW de potência, ocupa 436 hectares e tem tecnologia de ponta para a produção de energia limpa e renovável, o suficiente para suprir as necessidades de 500 mil lares angolanos, o equivalente – como se estima – a mais de um milhão de consumidores, principalmente em zonas rurais.

Momento histórico

A propósito, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, considera histórico o facto de Angola dar início à produção de electricidade a partir de um recurso inesgotável, como o Sol, numa altura em que as autoridades procuram diversificar a matriz energética.

Nesse contexto, encara os projectos solares do Biópio e da Baía Farta como uma “era de inovação” e, por isso, maior consistência e resiliência do sistema eléctrico interligado, nomeadamente para compensar a intermitência das chuvas no país, na sequência das alterações climáticas.

Uma vez injectada no sistema interligado, a energia eléctrica proveniente das centrais fotovoltaicas da província de Benguela vai estar disponível para atender qualquer uma das 10 províncias já conectadas à rede nacional e, assim, continuar com a electrificação de mais áreas.

Com esse reforço no sistema eléctrico, diz que a expectativa é a de que muitas famílias angolanas possam ter cada vez mais acesso a uma energia limpa e barata, além de reduzir os gastos na utilização de pequenos e grandes geradores a gasolina e gasóleo.

 

Mais parques a caminho

Além destas centrais fotovoltaicas instaladas na província de Benguela, vão entrar em funcionamento novos parques solares que vão continuar a reforçar a forte componente de energias renováveis no país e ajudar a colmatar as necessidades de maior procura.

Ao todo, Angola irá contar com sete centrais solares fotovoltaicas, incluindo os parques nos municípios de Saurimo (Lunda Sul), Lucapa (Lunda Norte), Luena (Moxico), Bailundo (Huambo) e Cuito (Bié), o que implicará a instalação de um milhão de painéis solares, perfazendo 370 Megawatts.

Orçado em 523 milhões de euros, este projecto é desenvolvido pelo grupo MCA com a norte-americana Sun África, desde a componente tecnológica à financeira, passando pela certificação internacional, dado que as energias renováveis têm vindo a ser uma forte aposta por vários países africanos onde se inclui Angola, embora ainda longe de aproveitar o seu potencial neste domínio.

A materialização deste investimento, assegurado pela Agência de Promoção de Exportações da Suécia (SEK), vai contribuir para o abastecimento de electricidade para 2, 4 milhões de pessoas, sobretudo em áreas com carências de infra-estruturas de acesso à rede pública.

João Baptista Borges reforça, no entanto, o compromisso do governo numa matriz com 72 porcento de energia limpa e com zero emissões de carbono, como forma de substituir a produção de energia a partir de centrais térmicas em muitas partes do país, na base de geradores.

Impacto ambiental

A instalação dos novos equipamentos vai evitar a emissão de 935 mil e 953 toneladas de carbono (CO) por ano em Angola, que entra na corrida por uma matriz energética ambiental, através deste projecto, considerado pela MCA o maior programa integrado público, de intervenção de energias renováveis na África Subsaariana.

O titular do pelouro da Energia e Águas também enquadra esses projectos na estratégia governamental de “descarbonizar” a indústria e economia angolanas, tendo em conta a necessidade de assegurar um ambiente sustentável para as próximas gerações

Nos últimos anos, as barragens no país já tinham começado a registar pouca afluência de água, devido à escassez de chuvas. Por isso, a aposta do Governo na construção destas centrais como uma alternativa para a produção de electricidade a partir de fonte solar, paralelamente às centrais térmicas, onde há um consumo excessivo de combustível – gasóleo.

A poupança de cerca de um milhão e 400 mil litros de combustível diariamente é o impacto que terá a produção de energia eléctrica, por intermédio de centrais solares.

Estimativas indicam que 60 milhões de pessoas usam energia solar como fonte de electricidade em África, um continente onde quase 87% das pessoas de baixa renda que vivem nas áreas rurais não têm acesso à electricidade.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...