Empresários brasileiros reafirmam papel activo na agricultura familiar
A inserção de uma estrutura financeira alternativa nas comunidades de agricultura familiar como forma de alavancar o processo da diversificação da economia angolana foi defendida, segunda-feira, em Luanda, pelo secretário Executivo da Frente Parlamentar para o Fortalecimento das Relações entre o Brasil e os Países da América Latina, Caribe e África.
Adriano Carneiro falava à imprensa no final do encontro entre uma missão constituída por representantes de grupos de empresas brasileiras e a direcção da Câmara de Comércio Angola-Brasil (CCSB), que se encontra no país para criar bases para investimentos no sector do Agronegócio e alavancar as potencialidades de transformar o Carnaval e Turismo angolanos numa grande fonte de receitas.
A instituição que representa decidiu aproximar o Brasil de África, tendo como prioridade começar pelos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), com Angola em particular, “mercê do conjunto de factores históricos, culturais, antropológicos e nada melhor do que virmos manter o contacto com o povo angolano”.
A missão, frisou o empresário, tem como primeiro eixo estratégico trabalhar na questão da agricultura familiar, um segmento bastante desenvolvido no Brasil, no qual Angola e a África, no seu todo, possuem um potencial imenso.
“Devemos priorizar a capacitação dos pequenos produtores com algumas ferramentas para que eles possam potencializar essa capacidade de produção e impactar a realidade local”, disse.
O segundo eixo principal, acrescentou , está relacionado com o crédito, ou seja, a estrutura bancária, “de maneira que trazemos um banco que tem uma moeda social, um banco do município de Marita, no Rio de Janeiro, onde foi criada uma plataforma e uma estrutura que permite que os benefícios e créditos circulem pelo município e se mantenham no município impactando a realidade”.
O terceiro ponto “é relacionado ao tema que nos une de uma forma mais cultural, que é o Carnaval”.
Adriano Carneiro recordou que a África possui 60 por cento de terras aráveis não utilizadas no Planeta. “Estamos a falar de uma perspectiva não do Agronegócio, mas sim da agricultura familiar”, disse.
“O pequeno agricultor local, que através de uma cultura de uma tradição, de algum produto que seja vinculado à agricultura e sua realidade, possa desenvolver uma cadeia de valor sustentável”, apontou.
Câmara valoriza iniciativa
A vice-presidente da Câmara de Comércio Angola-Brasil (CCSB), Francisca Fortes, defendeu, ontem, em Luanda, uma parceria focada na empregabilidade e formação dos jovens na cadeia de valor dos produtos mais cultivados no país, com vista a consolidar as vantagens comparativas que Angola ostenta no continente com perspectiva no processo de integração regional.
Francisca Fortes teceu estas considerações no final de um encontro mantido entre a direcção da CCSB e uma delegação da Associação de Empresários e Executivos do Brasil, que se encontra no país para formar parcerias nos sectores da Agricultura Familiar, no Agronegócio, Indústria e potencialização da indústria do carnaval para geração de receitas para a economia.
“Falámos um pouco sobre o agronegócio e quais são as possibilidades que nós temos para interacção e parcerias em tudo aquilo que se relaciona com o empreendedorismo”, frisou.
“Os pontos mais relevantes são a parceria no sentido da empregabilidade, sobretudo para os jovens, e da melhoria da cadeia dos bens que já produzimos, mas que necessitam de alguma melhoria, o que passa pela capacitação de mais pessoas, de modo a maximizar os rendimentos e se imporem no mercado regional, onde se espera uma competição muito acirrada”, disse.
Reforçou que a agricultura familiar consegue catapultar a economia porque se produze com custos mais baixos e o Brasil tem uma certa experiência, em particular na zona da Baía, que “antes de ser um estado era considerado um país pobre e que hoje, por causa da experiência adquirida na área da Agricultura Familiar, se tornaram famílias com grandes rendimentos, de maneira que o seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu bastante e conseguem exportar para o exterior, porque houve políticas governamentais para que estas famílias pudessem entrar no mercado capacitadas e com produtos de qualidade”.