Dois filmes angolanos exibidos em Universidade dos Estados Unidos

A Cinemateca da Universidade de Wisconsin (UW) estreou, em colaboração com os programas de Estudos Africanos e de Estudos Latino-Americanos, das Caraíbas e Ibéricos, a série de filmes, “Dois de Angola”. A série apresenta dois filmes contemporâneos de Angola em língua portuguesa, numa lusão aos 50º aniversário da independência da África lusófona, em 1975.

Produzidos pelo coletivo de cineastas angolanos Geração 80, “Nossa Senhora da Loja dos Chinês” e “Ar Condicionado”, ambos passados na capital Luanda, abordam questões sociais e políticas que afectam o país.

“É importante que as pessoas que só conhecem o cinema através de Hollywood saibam que podem ser igualmente afectadas emocionalmente por um filme de África, do Médio Oriente ou da Ásia Central”, afirmou Jim Healy, director de programação da Cinemateca da UW, à publicação digital “The Badger Herald”.

O filme “Nossa Senhora da Loja do Chinês” passou na Cinemateca dia 15 de Fevereiro. A acção decorre em Luanda e conta a história de um comerciante chinês que traz para um bairro da capital uma singular imagem de plástico de Nossa Senhora, uma mãe enlutada busca a paz, um barbeiro atento inicia um novo culto e um jovem desorientado busca vingança por seu amigo perdido. Este bizarro conto urbano revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia. O filme explora também as complexidades da Angola moderna, esperançosa de um futuro melhor, mas travada pela história colonial e pelo actual imperialismo económico da China.

Realizadores cooperantes

“Ar Condicionado”, o outro filme angolano que foi exibido no dia 22, mergulha no género surrealista e afro-futurista, quando os aparelhos de ar condicionado caem misteriosamente dos edifícios de Luanda, no meio de temperaturas sufocantes. O mundano mistura-se com o sobrenatural quando o segurança Matacedo embarca numa missão para recuperar um aparelho de ar condicionado avariado para o seu patrão. Com uma animada banda sonora de jazz, “Ar Condicionado” explora o coração e o trauma da vibrante cidade de Luanda.

Embora os filmes contem histórias diferentes, os realizadores Ery Claver (“Nossa Senhora da Loja do Chinês”) e Fradique (“Ar Condicionado”) desempenharam papéis cooperativos nos projectos um do outro, com as suas diferenças e semelhanças a criarem uma experiência de visualização fascinante. Healy acredita que o cinema abre espaço para a ligação e colaboração globais. “O comportamento e a expressão humanos [são] reconhecidos por outros seres humanos, independentemente da sua origem”, afirmou Healy.

Os dois filmes foram realizados por cineastas do coletivo de media ‘Geração 80’, uma vez que os fundadores nasceram na década de 1980, após a independência de Angola. O cinema inovador da ‘Geração 80’ inclui a conversão dos lucros de pequenas produções comerciais em orçamentos para longas-metragens. A equipa assumiu várias funções, desde a realização à cinematografia, passando pelo incentivo à cultura cinematográfica em Luanda, através de noites de cinema e debates no seu espaço de trabalho.

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