Comunidades afrodescendentes conservam os rituais ancestrais

O rei da ombala Mbalundu, Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, que realiza desde 19 de Outubro uma visita na República Federativa do Brasil, mostrou-se satisfeito porque as comunidades afrodescendentes continuam a conservar os rituais tradicionais.

O soberano do Bailundo realçou que o tempo e a distância não conseguiram inibir que a cultura de Angola no Brasil fosse esquecida pelos descendentes. O rei está no Brasil, desde 19 de Outubro, numa viagem que vai durar até ao dia 15 do corrente mês, a convite do Centro Cultural Casa de Angola em São Paulo, através do projecto Reis de Angola, para resgatar os vínculos tradicionais entre os dois países.

Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI manifestou estar a vivenciar sentimentos de alegria pela recepção calorosa do povo brasileiro nas localidades por onde passou e tem a oportunidade de matar as saudades provocadas pela distância que separa os dois povos. “Esta visita serve para reencontrar estas pessoas que por vários motivos terão abandonado Angola e a África, bem como para encorajar os negros e que sejam promotores de paz e alegria em qualquer lugar onde estiverem”, realçou.

O rei lembrou, ainda, que antes os ancestrais pensavam que o Oceano Atlântico devia separar os filhos da mesma nação definitivamente. “Mas neste momento, eles devem estar felizes por este reencontro dos irmãos e sinto igualmente isso no semblante de cada afrodescendente brasileiro”, revelou.

O soberano fez saber que a origem da africanidade jamais irá se esgotar, porque os frutos desta família continuam a se espalhar pelo Brasil e em vários pontos do mundo, cuja fonte continua viva em África. Por isso, pediu aos afrodescendentes a continuar a lutar pelos seus direitos, porque a liberdade está quase para ser alcançada.

“Na bagagem trouxemos união e paz, pressupostos fundamentais para caminharmos juntos e fica para atrás o sofrimento vivido e garantir a concórdia, porque a presença do rei estimula a tranquilidade”, disse.

Revelou também que a nação brasileira desenvolveu contando com o contributo dos afrodescendentes. Segundo o rei ombala Mbalundu esta visita foi realizada em cumprimento da orientação dos ancestrais, com a necessidade de visitar os descendentes e quebrar a distância existente com a terra de origem.

Durante a sua intervenção manifestou que o mundo precisa de leis fortes que possibilitem combater de forma definitiva o racismo, por não ser boa coisa.

Por seu turno, o director do Centro Cultural Casa de Angola no Brasil, Isidro Sanene, disse ser um facto histórico, porque nunca se viu um rei da tradição bantu de Angola a visitar a República do Brasil. O responsável revelou que para eternizar a tradição angolana no Brasil, o Centro Cultural Casa de Angola no Brasil, tem promovido várias actividades culturais ligadas com a divulgação das raízes angolanas, para comunicar os traços tradicionais com a comunidade afrodescendente.

O rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, com esta visita, vem propor a iniciativa de promover a união entre os povos que têm a mesma origem e apelar que é momento de começar a procurar-se um do outro e interagir melhor.

Pediu também aos descendentes africanos, que leiam muito sobre a cultura angolana, é por isso que o rei tomou a iniciativa de levar o seu primeiro livro intitulado por “Hegemonia dos ovimbundu no reino do Bailundo” para que os brasileiros possam saber sobre a vida do país de origem.

A visita ao Brasil para além de reforçar os laços tradicionais entre os dois países, vai contribuir para os estudos sobre a cultura africana, que se considera estar presente de várias formas na sociedade brasileira, por intermédio de rituais e tradições diversas.

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