Chefe de Estado rende homenagem ao Presidente José Eduardo dos Santos
O Chefe de Estado, João Lourenço, rendeu, esta terça-feira, em Luanda, homenagem ao ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, com a deposição de uma coroa de flores no seu sarcófago.
O Presidente da República deslocou-se ao Jazigo de José Eduardo dos Santos, localizado na Praça da República, contígua ao Memorial António Agostinho Neto, por volta das 9h00, acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço.
O acto de homenagem, realizado no Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, contou com a presença da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, de membros do Executivo e do Conselho da República.
Em declarações à imprensa, no final do acto, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, considerou merecida a homenagem ao ex-Presidente da República, a quem foi atribuído, enquanto vivo, o título de Arquitecto da Paz, por causa do forte engajamento no processo para a conquista da paz efectiva que o país vive há 21 anos.
“Depois da Independência Nacional, a paz é a segunda maior conquista que os angolanos têm e, obviamente, num dia como hoje é merecida esta homenagem ao Arquitecto da Paz”, referiu Luísa Damião, realçando que os angolanos devem continuar a preservar este “bem precioso” que promove o desenvolvimento.
Luísa Damião disse ser necessário consolidar, cada vez mais, a paz e honrar a memória de todos aqueles heróis que contribuíram para a conquista da paz. “Devemos continuar a cimentar a educação para a paz, por ser um valor fundamental para que possamos ter outras conquistas e eu acho que a melhor forma de nós honrarmos todos aqueles que se bateram pela conquista da paz é preservamos este grande valor”, ressaltou.
Para o presidente do PRS, Benedito Daniel, o gesto do Presidente da República, ao homenagear o seu antecessor, foi “muito” nobre e de gratidão. “José Eduardo dos Santos é a figura que trouxe a paz para Angola, que defendeu a soberania de Angola e nós recordamo-lo por este feito, que ficará marcado para sempre na história angolana”, referiu.
Benedito Daniel defendeu a necessidade de se continuar a recordar aqueles que se bateram para que Angola se tornasse independente e em paz, acrescentando que este testemunho deve ser passado aos jovens. “Se não fizermos isso, poderemos correr o risco de termos jovens sem sentimento patriótico, que não sirvam o país com valor patriótico, porque ninguém os ensinou a fazer isso”, exortou.
A presidente do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, disse que a homenagem a José Eduardo dos Santos tem um valor político fundamental, sobretudo por ter sido feito no Dia da Paz e da Reconciliação Nacional. Jorge Valentim classificou o gesto do Presidente como um bom exemplo. Disse lembrar-se de José Eduardo dos Santos como a pessoa que ensinou a reconciliação nacional e a esquecer as desavenças do passado.
“E o exemplo de Gbadolite, em que ele apertou a mão do Dr. Savimbi, é um exemplo histórico que deve perpetuar os nossos corações”, frisou Jorge Valentim, para quem se homenageia um dos homens mais importantes para a história de África e de Angola.
Para o jornalista Ismael Mateus, tratou-se de uma homenagem mais do que justa feita ao papel desempenhado pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que consistiu no alcance da paz e da reconciliação nacional.
“Eu acho que é uma data que não temos como não nos lembrarmos de José Eduardo dos Santos, do seu papel e intervenção, do modo como, no pico da guerra, manteve-se sereno, dando ordens para que a paz fosse alcançada”, recordou. Ismael Mateus ressaltou que, com a ordem para não se fazer mais guerra, José Eduardo dos Santos queria dar o sinal da paz, mas destacou que o mais importante não foi a ordem e sim a estatura da decisão.
“É uma decisão que alguém que está a vencer a guerra, que tem condições de vencer militarmente e que diz, não! Este não é o caminho, tendo defendido que o caminho a ser seguido fosse o da paz e que era preciso negociar”, aclarou o jornalista, defendendo ser esta a dimensão de estadista que se deve dar mais valor.
A historiadora Rosa Cruz e Silva também considerou a homenagem um gesto nobre e carregado de reconhecimento por tudo que o ex-Presidente da República fez para o alcance da paz em Angola.
Salientou que o legado deixado constitui matéria de estudo para os historiadores, que devem prepará-los para que as futuras gerações possam inspirar-se naquilo que foi o esforço, dedicação, abnegação, sobretudo a sabedoria para se ultrapassar aqueles períodos difíceis do conflito da guerra e da separação das pessoas.
José Eduardo dos Santos faleceu a 8 de Julho de 2022, em Barcelona, Reino de Espanha, por doença. O seu funeral de Estado aconteceu a 28 de Agosto, data do seu aniversário, em Luanda, com a presença do Presidente da República, João Lourenço, da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, e de vários Chefes de Estado.