Busca da Paz na RDC discutida na Cidade Alta

O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, recebeu quarta-feira, em audiência, no Palácio da Cidade Alta, em Luanda, a presidente da Associação que Recupera Mulheres Vítimas da Violência e outros actos perpetrados no Leste da República Democrática do Congo (RDC), Juliene Essange.

No fim do encontro, que decorreu à porta fechada, Juliene Essange disse à imprensa ter abordado com o Presidente da República a situação “catastrófica” que aquele país vizinho vive desde o conflito armado envolvendo os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23).
Em declarações à imprensa, a líder da Associação disse que veio a Luanda encorajar o Presidente João Lourenço a prosseguir com o Processo de Luanda, para que a República Democrática do Congo alcance a paz.

Sobre a situação de segurança no seu país, Juliene Essange declarou que existem mais de dez mil deslocados internos por causa do conflito, num momento em que a RDC é acometida por uma crise humanitária catastrófica. “Há pessoas a morrerem de fome, crianças, adultos e idosos”, disse visivelmente emocionada, acrescentando que muitas raparigas e mulheres são violadas todos os dias, uma situação que atingiu o seu ápice em termos de violência e crise humanitária.

Informou que mais de quatro mil elementos das Forças Armadas do Rwanda estão neste momento no território da RDC a prestar apoio aos rebeldes do M23, acusados de massacres horrendos contra as populações indefesas, onde nem as crianças, mulheres e idosos escapam à sanha assassina deste grupo armado.

“Por esta razão, vimos apelar ao Presidente João Lourenço, o facilitador e mediador da União Africana, no sentido de prosseguir com o Processo de Paz de Luanda. Encorajamos para que o Processo de Luanda prossiga e através desta Declaração a RDC possa alcançar a paz tão almejada pelas nossas sofridas populações”, pediu Juliene Essange.

Sublinhou que, neste momento, a situação na RDC está de tal forma degradada que é preciso estabelecer a paz com urgência, para que todos aqueles que se encontram sem apoio regressem às suas zonas de origem, porque a situação humanitária é deplorável.

Mulheres pedem o apoio da Assembleia Nacional

No início da tarde de ontem, a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, recebeu igualmente em audiência o Grupo de Mulheres da República Democrática do Congo (RDC), com quem abordou questões ligadas ao conflito que se vive naquele país.

Na ocasião, Juliene Essange solicitou o apoio do Parlamento de Angola para a paz efectiva na RDC.

“Pedimos à presidente da Assembleia Nacional que leve junto de outras entidades parlamentares a voz das mulheres congolesas, que estão a passar por esta situação catastrófica”, referiu.

Essange espera que a Casa das Leis de Angola venha a abordar com o Parlamento rwandês e outros para que se ponha fim à guerra na RDC e se restabeleça a paz na região. “A paz na RDC vai ser de proveito para todos os povos da região”, destacou.

De acordo ainda com Juliene Essange, a paz na RDC vai permitir também o desenvolvimento da região, tendo sublinhado a história sociocultural existente entre Angola e a RDC, dois povos irmãos. “Somos povos irmãos, o nosso sofrimento também é vosso sofrimento”, ressaltou.

À presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, disse que Angola tem contribuído estreitamente para a promoção e a preservação da paz na região.

“Temos colaborado estreitamente com o Parlamento da SADC no processo de preservação da paz. Estamos muito satisfeitos que este Processo tenha tido um bom resultado, com o engajamento do Chefe de Estado de Angola”, frisou, referindo-se à assinatura pela República Democrática do Congo do Tratado da SADC para a viabilização do Parlamento Regional.

Carolina Cerqueira referiu que em todos os fóruns internacionais e regionais em que a Assembleia Nacional participa tem manifestado a preocupação do Governo de Angola em relação à situação difícil que se vive na vizinha República Democrática do Congo (RDC).

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