Blinker no Sahel para contrapor influência russa e chinesa
O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou 150 milhões de dólares em nova ajuda humanitária para a região africana do Sahel. O anúncio foi feito ontem, dia, 16, durante uma visita ao Níger, um país que Washington vê como um importante aliado na luta contra as insurreições islamistas.
A visita de Blinken ao Níger é a primeira de um Secretário de Estado norte-americano e está a ser vista pelos observadores como uma demonstração de apoio a uma nação empobrecida que tem tido relativo sucesso na contenção de grupos rebeldes e geriu uma transição democrática numa região propensa a golpes de Estado.
“Vamos prestar apoio aos refugiados, requerentes de asilo, e outros afectados pelo conflito e insegurança alimentar na região”, disse Blinken numa declaração sobre a nova ajuda, direccionada ao Níger, Burquina Faso, Chade, Mali e Mauritânia, bem como para os refugiados do Sahel na Líbia.
A viagem de Blinken é a mais recente de uma série de visitas a África por parte de figuras do governo dos Estados Unidos, uma vez que Washington procura reforçar os laços com um continente onde a influência da China e da Rússia é cada vez mais forte.
O Níger, encravado, e os seus vizinhos Mali, Burquina Faso, Nigéria e Chade lutam para repelir os insurgentes islamistas que já mataram milhares de pessoas, deslocaram milhões e, em alguns casos, tomaram o controlo de vastas extensões de território.
Grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado islâmico levaram a cabo dezenas de ataques no sudoeste do Níger, incluindo alguns em que dezenas de soldados governamentais foram mortos, mas a violência não se espalhou por todo o país como se verificou noutros locais.
Pouco depois de aterrar na capital, Niamey, Blinken encontrou-se com pessoas envolvidas num programa, parcialmente financiado pelos Estados Unidos, para desarmar e reabilitar desertores de grupos extremistas.
Enquanto a violência no Mali e no Burquina Faso levou a golpes militares e a uma mudança de alianças das nações ocidentais favorável Rússia, o Níger conseguiu uma transferência democrática de poder em 2021 e manteve boas relações com o Ocidente. “Eles estão a fazer as escolhas certas, pensamos nós, para ajudar a lidar com o tipo de ameaças que são comuns em todo o Sahel. Portanto, estamos a tentar destacar um exemplo positivo”, disse um alto funcionário do Departamento de Estado aos jornalistas que seguem a visita do responsável pela diplomacia norte-americana.
O mesmo elogiou o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, por recentemente se ter pronunciado contra o grupo privado de mercenários russos Wagner, que foi contratado pela junta militar do Mali para ajudar a combater os insurrectos naquele país. O Mali descreve o pessoal Wagner no seu território como “formadores”. Blinken reforçou que a utilização de mercenários russos não tinha provado ser uma resposta eficaz contra a insegurança. “Não é só nós sabemos que isto vai acabar mal, já o vimos acabar mal em vários lugares”, disse Blinken.
Uma força internacional liderada pela França tem estado no terreno no Mali há uma década, mas caiu em desgraça com a nova liderança no Mali. O sentimento anti-francês tem vindo a aumentar no Mali e em várias outras ex-colónias francesas na África Ocidental. Entretanto, o Gana afirmou que o Burquina Faso também contratou mercenários Wagner. Contudo, a junta militar deste país não o confirmou nem negou.
Refira-se que Blinken viajou da Etiópia para o Níger, onde se encontrou na quarta-feira com o primeiro-ministro Abiy Ahmed e outras figuras do governo num esforço para reparar os danos diplomáticos causados pela guerra de dois anos no Tigray, que terminou em Novembro.