África do Sul irá efectuar consultas ao governo russo caso Putin se desloque à cimeira dos BRICS’S

A Ministra dos Negócios Estrangeiros da África do Sul, Naledi Pandor, afirmou, ontem, dia 23, que o seu governo terá de discutir o mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Presidente russo Vladimir Putin antes de considerar tomar qualquer acção.
“A África do Sul terá de analisar as disposições existentes na nossa legislação. Também teremos de ter uma discussão como gabinete, bem como com os nossos colegas na Rússia, e determinar realmente o caminho a seguir”, disse Pandor à cadeia de televisão nacional SABC.

Tudo isto porque a Rússia faz parte dos chamados BRIC’S – com a Índia, a África do Sul, Brasil e China – e em Agosto, Durban, na Africa do Sul, irá acolher a 15ª Cimeira da organização, tendo o país anfitrião já enviado o convite ao presidente russo.

A África do Sul tem relações diplomáticas estreitas com Moscovo, apesar das condenações ocidentais. No mês passado, a sua marinha realizou exercícios conjuntos com as forças russas ao largo da costa sul-africana. Também se absteve durante as votações da ONU que condenaram a invasão russa da Ucrânia.

Recorde-se que na semana passada, o TPI emitiu um mandado de captura contra Vladimir Putin por alegados crimes de guerra na Ucrânia. Como signatária do Estatuto de Roma, que criou o tribunal, a África do Sul está legalmente obrigada a deter Putin e a levá-lo a julgamento.

Embora não haja confirmação oficial da visita de Putin, espera-se que participe na 15ª Cimeira do BRICS, como fez em 2013. Mas se se confirmar a presença do presidente russo, o governo da África do Sul ficará numa posição difícil já que, sendo signatária do TPI, comprometeu-se a cumprir as suas decisões.

Em 2015, o governo sul-africano foi criticado por ter deixado o então Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, abandonar o país apesar deste ter um mandado de captura do TPI. Bashir tinha ido à África do Sul para uma cimeira da União Africana e o governo argumentou que gozava de imunidade diplomática.

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