Quase uma centena de manifestantes presos na África do Sul

Oitenta e sete manifestantes foram presos por atentarem contra a ordem pública desde a noite de ontem, informou o National Joint Operational and Intelligence Structures (Natjoings) da África do Sul numa declaração na manhã de hoje, avançou o jornal sul-africano Mail & Guardian na sua edição online.
“Das 87 [pessoas] 41 foram presas na província de Gauteng, 29 no Noroeste, 15 no Estado Livre”. Há também detenções noutras províncias, como Mpumalanga e Cabo Oriental”, de acordo com a declaração da Natjoints. Além disso, pelo menos 24 300 pneus que estavam “estrategicamente colocados para actos criminosos” foram apreendidos nas últimas 24 horas.”
Refira-se que a Natjoints opera a nível nacional e provincial e inclui a polícia, a segurança do Estado, o comité nacional de coordenação dos serviços secretos, os serviços correccionais e a Autoridade Nacional do Ministério Público, e também membros do núcleo da justiça, prevenção do crime e segurança.
Recorde-se que a África do Sul tem estado em alerta máximo desde a semana passada, à medida que o lockdown nacional (encerramento de toda a actividade) anunciado para segunda-feira, 20 de Março, pelo partido Economic Freedom Fighters (EFF), ganhava forma. Este partido político, liderado por Julius Malema, exige que o Presidente Cyril Ramaphosa se demita e que se acabe com a corrupção que tem tomado conta das principais instituições do Estado.
Às 9h da manhã de hoje, tinham sido noticiados em todo o país incidentes esporádicos de pequena escala relacionados com a tentativa de lockdown, tendo-os a polícia tinha rapidamente contido.
Elementos da ala estudantil do EFF podiam ser vistos reunidos em pequenos grupos em Thekwini na segunda-feira de manhã, tendo muitos deles saído para as ruas no domingo à noite.
O líder da EFF, Julius Malema, chamou ao lockdown por ele decretado como “início de uma revolução.” Malema fez vários tweets na noite de ontem tendo postado uma série de vídeos e fotos mostrando ruas vazias, ostensivamente para retratar que o encerramento havia sido eficaz. “Agora ou nunca!”, escreveu e mais adiante: “A vitória é certa”.
Os serviços de segurança e o governo têm fornecido aos cidadãos actualizações regulares sobre propalado lockdown, dada falha de comunicações durante os mortíferos e economicamente devastadores tumultos de Julho de 2021, provocados pela prisão do ex-presidente Jacob Zuma por desrespeito ao tribunal.
O Kwazulu Natal foi particularmente atingido pelos tumultos de Julho de 2021, que provocaram a morte de mais de 400 pessoas – a maioria delas saqueadores. Temendo uma repetição, a polícia da província, a segurança privada, os fóruns de policiamento comunitário têm-se coordenado para conter a violência e os potenciais saqueadores. Os helicópteros da polícia puderam ser ouvidos sobrevoando Durban hoje de manhã.
Ontem à noite, dezenas de patrulhadores comunitários fizeram-se às ruas dos subúrbios duramente atingidos durante os motins de Julho, tais como Umbilo e Berea.
Embora esta segunda-feira tenha sido chamada pelas autoridades de “dia de trabalho normal”, muitas empresas fecharam, tal como as escolas. Terça-feira é Dia dos Direitos Humanos, um feriado público, o que levou a que muitos sul-africanos tivessem tirado folga no dia de hoje para terem um fim-de-semana longo.