Promessas eleitorais ilusórias de uma oposição aventureira

A campanha eleitoral, aberta no dia 24 de Julho, já leva duas semanas. Os sete partidos e a única coligação de partidos concorrentes às Eleições Gerais, para a escolha do Presidente da República, do Vice-Presidente e dos deputados à Assembleia Nacional têm, agora, metade do tempo, para para continuarem a divulgar as suas mensagens de apelo ao voto nas várias províncias do país.
As duas primeiras semanas foram agitadas, principalmente nas grandes praças eleitorais, onde os cabeças de listas dos partidos e da coligação de partidos têm direccionado as baterias com um pouco mais de maior incidência, tendo em conta a importância de conquistarem ali todos os votos possíveis.
Assim, Luanda, Benguela, Huambo, Huíla e Cuanza-Sul, pelo histórico das últimas eleições, estão a merecer toda a atenção dos partidos. Em função disso, nessas cinco praças eleitorais, João Lourenço (MPLA), Adalberto Costa Júnior (UNITA), Manuel Fernandes (CASA-CE), Benedito Daniel (PRS), Nimi a Simbi (FNLA), Quintino Moreira (APN), Dinho Chingunji (P-Njango) e Bela Malaquias (PHA) reforçaram, nos últimos dias, as campanhas nessas províncias.
Por exemplo, para comprovar essa tese, Luanda, onde há o maior número de eleitores, já acolheu duas actividades de grande vulto dos dois maiores partidos angolanos (MPLA e UNITA), em menos de 15 dias.
Mas outras praças eleitorais também mereceram a atenção das oito forças candidatas à liderança do país. São os casos de Cabinda, Uíge, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Cuando Cubango, Zaire, Bengo, Bié, Cunene e Namibe.
O país tem 18 províncias e 164 municípios e, em um mês, as forças políticas concorrentes às Eleições Gerais e seus cabeças de listas não têm capacidade para andar por esta Angola. É nesse sentido que os partidos e a coligação de partidos contam com dois órgãos de comunicação social de grande audiência, a RNA e a TPA, para auxiliarem na transmissão e promoção dos programas de governação desses candidatos à liderança do país, através do regulamentado Tempo de Antena.
Menos preparados
Tal como afirmamos na semana passada, algumas forças políticas não estão a aproveitar da melhor maneira os seus tempos de antena. Talvez, por não terem conteúdos para transmitir, consequência de uma certa despreparação, como que se as eleições lhes fossem anunciadas “em cima do joelho”.
Além do MPLA, que nos seus tempos de antena mostra o que fez, em cinco anos de mandato de João Lourenço, e aponta projectos para os quais acredita que pode materializar, a maioria dos partidos da oposição “rouba” grande parte das rubricas radiofónicas e televisivas a atacar
o partido no poder, sem saber que caem, também, numa verdadeira promoção do MPLA!
O lema “Está a falar, está a fazer”, adoptado, há meses, pelo MPLA, parece ganhar, cada vez mais, significado nas hostes dos camaradas, enquanto assistimos, do outro lado, um grupo de políticos sem noção do que promete, ao ponto de proporem projectos inalcansáveis ou, até mesmo, ilusórios, tudo só para conseguir o poder, com base na mentira.
Também acreditam que podem fazer Governo já agora. Aliás, na última semana, vimos Ngola Kabango, um histórico da FNLA, a afirmar que seu partido vai vencer as eleições. Que o propósitio da força política, liderada por Nimi a Simbi, não é somente manter um assento no partamento, mas o de atingir o poder em Angola! É uma declaração, sem qualquer humildade política, quando o membro-fundador do partido sabe que não há qualquer chance disso vir a acontecer.
Também, vimos e ouvimos o presidente do partido P-Njango, Dinho Chingunji, a assegurar que o seu grupo, em função dos resultados da campanha e das garantias que recebe do eleitorado, não mais luta para ser a terceira força política. É o poder o lugar mais apropriado para o partido. Para este líder, talvez, chegar ao poder passa, simplesmente, em fazer umas viagens de carro pelo interior!
Sonhar é permitido
Ouvimos, igualmente, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, dizer que o partido do Galo Negro vai vencer as eleições, por causa do número de pessoas que tem arrastado às manifestações políticas. Sonhar não é proibido, mas o presidente da UNITA esqueceu-se de que nem todos que assistem aos comícios de um partido votam nesse mesmo partido!
Talvez, por isso, o MPLA considera-se o único partido capaz de governar Angola, por agora, pois, além da vasta experiência de governação e de ser um verdadeiro conhecedor da realidade do país e dos angolanos, é, acima de tudo, um partido congregador, forte e coeso.
E o mais importante, é que, nos seus tempos de antena e noutros meios de propaganda do seu programa de governação, o MPLA oferece apenas ao eleitorado aquilo que pode fazer, em função da situação real do país, diferente dos outros partidos que prometem projectos irrealizáveis, como o fizeram com as propostas de salários mínimos na Função Pública, completamente inalcansáveis e absurdos.
Para esta semana, esperamos que os partidos da oposição possam mudar a sua estratégia de penetração e caça ao voto, numa altura em que o povo sabe o que quer e não é incapaz de avaliar o que os governos podem ou não fazer em cinco anos de mandato. Por isso, apelamos que os tempos de antena sirvam para se levarem propostas mais realísticas, tendo a mesma coragem que o MPLA de prometer apenas o que é possível.
Uma última pincelada recai para o tão almejado debate televisivo que Adalberto Costa Júnior quer com o Presidente do MPLA, João Lourenço. Para nós, é normal que o líder da UNITA queira esse frente-a-frente com o Número Um do partido no poder, mesmo não havendo nenhuma obrigação constitucional.
Porém, o que não achamos correcto é a forma pouco cordial e, até, carregada de alguma falta de ética, como quer arrancar esse debate. Não é positivo, por exemplo, que um líder de um partido, que luta para ser o Presidente de todos os angolanos, tenha uma chamada no seu telefone, olha para o visor do aparelho e, quando vê que não se trata da pessoa que esperava que o ligasse, desliga a chamada!
Para nós, o acto de desligar o “telefone na cara” é falta de educação, falta de respeito e falta de ética de quem assim procede. Por isso, esperamos que Adalberto Costa Júnior, mesmo que não seja a chamada do Presidente João Lourenço ou do jornalista da TPA, corrija essa atitude, caso tenha a capacidade de medir os efeitos da comunicação com o referido comportamento.
Aliás, para muitos, era melhor, como o fez o partido PRS, ocupar o seu tempo de antena com um músico que esteve a contar como compôs a sua canção, ou como preferiu o PHA, na quarta-feira, não transmitir qualquer declaração no seu espaço de antena!