Programa YALI completou 10 anos

700 africanos participaram do Mandela Washington Fellowship, um programa do governo americano que conecta jovens líderes do continente e oferece bolsa de estudos nos EUA. De 29 a 31 de Julho realizou-se a conferência de encerramento da turma de 2024 desta iniciativa que já vai no seu décimo ano.

O Mandela Washington Fellowship do Young African Leaders Initiative (YALI), criado pelo então presidente Barack Obama, é um programa do governo americano de empoderamento, treinamento e networking nas áreas de negócios, engajamento cívico e administração pública.

Anualmente, 700 jovens africanos de 25 a 35 anos com contribuições excepcionais às suas comunidades, são seleccionados num processo competitivo em Setembro. Durante seis semanas no meio do ano, recebem bolsas de estudos para diversas universidades americanas para trocar conhecimento, conhecer pessoas, e expandir horizontes.

Ao final, encontram-se em Washington DC para uma conferência de três dias antes de regressar aos seus países e colocar em prática novos projectos. Este ano, o evento aconteceu entre os dias 29 a 31 de Julho, no Omni Shoreham Hotel, e deu aos jovens a oportunidade de compartilhar experiências e conectar com outros profissionais.

No evento de abertura, a embaixadora dos EUA as Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, relembrou a trajectória desta iniciativa, com 7,200 participantes em uma década, e reconheceu o trabalho dos bolseiros de 2024 preservando o meio-ambiente, a democracia, lutando por direitos, empoderando mulheres, e cuidando das suas comunidades.

PALOP’s bem representados

“A verdade é que, embora África seja um continente rico em recursos, a próxima geração – você, a vossa geração – é o maior recurso de África de todos,” disse Thomas-Greenfield perante a plateia que lotava a sala.

Este ano, 33 bolseiros YALI são de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Rosineida Lima, bióloga especializada em conservação do meio ambiente em Cabo Verde, disse à VOA que conectar com outros líderes africanos e ver como as comunidades se juntam para desenvolver nos Estados Unidos foi uma das melhores experiências do programa. “O que vou levar de melhor é essa noção de que juntos somos mais fortes,” disse Lima.

Durante o mês e meio na universidade em Fort Myers, na Florida, a bióloga aprendeu sobre os desafios parecidos que Cabo Verde e o estado enfrentam para preservar as tartarugas marinhas, e novas soluções para conservar a biodiversidade.

Quelita Gonçalves é representante da Agência das Nações Unidas para as Migrações em Cabo Verde. Parte da sua missão é mobilizar a diáspora cabo-verdiana para conseguir investimento e gerar mais empregos no país.

Ao chegar em Massachusetts para o curso de gestão pública, ficou surpreendida com o reconhecimento e informação que as pessoas tinham do seu país. Uma reflexão, segunda ela, do trabalho e investimento que toda a comunidade na diáspora faz em relação a educação,

crescimento e liderança. “Isso encheu o meu coração de orgulho, de ser cabo-verdiana, estar em Massachussets, em Bridgewater, e poder vivenciar isso o quanto a nossa comunidade já fez, o quanto a nossa comunidade já progrediu,” disse Quelita.

Os outros bolseiros YALI também não esperavam por isso. “Meus colegas vieram perguntar-me: nós viemos da África e não conhecemos Cabo Verde, não ouvimos falar. Como é que chegamos agora, em Bridgewater, e estamos a ouvir a falar de Cabo Verde por todos os lugares aonde vamos?”

Rosineida Lima chegou a mesma conclusão. “Conhecemos às vezes mais sobre outros países fora do continente africano. Temos de conhecer mais o nosso continente, e conectar-nos mais e melhor para que no futuro tenhamos uma África mais desenvolvida.”

Para os jovens que procuram oportunidades como essa, Rosineida Lima diz que devem buscar informação nas embaixadas americanas dos seus países e conectarem-se com outras pessoas. Mas acima de tudo, lembra que todos podem fazer a diferença. “Não há necessidade de ser um YALI para ser um jovem líder. Pode ser um jovem líder a qualquer momento dentro da sua comunidade,” adiantou Lima.

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