Namíbia cada vez mais player de energia na África Austral
A paisagem energética da Namíbia volta a ganhar destaque depois de a gigante britânica BP confirmar uma importante descoberta de gás condensado no poço de exploração Volans-1X, localizado sob a Licença de Exploração de Petróleo (PEL) 85, na bacia de Orange, revela a publicação online ‘Further Africa’.
A descoberta reforça a reputação da Namíbia como uma das novas fronteiras mais promissoras do mundo em hidrocarbonetos, após várias descobertas de grande impacto feitas nos últimos três anos por empresas como a TotalEnergies, Shell e Galp Energia.
O poço Volans-1X, situado em águas profundas ao largo da costa sul da Namíbia, representa a primeira descoberta confirmada da BP no país, em parceria com a NAMCOR (companhia nacional de petróleo da Namíbia) e a QatarEnergy. As análises preliminares indicam a presença de quantidades comercialmente viáveis de gás condensado, um hidrocarboneto leve muito valorizado na produção petroquímica e de combustíveis mais limpos.
Para a BP, a descoberta reforça a sua estratégia de transição energética, focada em desenvolvimentos de baixo teor de carbono que complementam o seu portfólio global. Já para a Namíbia, representa uma demonstração de confiança de uma das maiores empresas de energia do mundo, sinalizando que a geologia offshore do país pode rivalizar com o potencial inicial observado no Bloco Stabroek da Guiana, uma importante área de exploração de petróleo na costa da Guiana, na região do Atlântico.
Bacia de Orange é uma zona muito promissora
Estendendo-se do sul da Namíbia até à África do Sul, a bacia de Orange tem-se destacado como uma das zonas de exploração mais promissoras dos últimos anos. As suas formações geológicas, ricas em rochas geradoras e reservatórios, já resultaram em múltiplas descobertas de petróleo leve e gás desde 2022. Com o sucesso do bloco PEL 85, a Namíbia consolida a sua posição como novo pólo energético do Atlântico.
O Governo namibiano comprometeu-se a assegurar que os novos desenvolvimentos estejam alinhados com princípios de governança sustentável, incluindo políticas de conteúdo local e gestão transparente das receitas. A participação da NAMCOR nas operações da BP demonstra o compromisso do Estado em aumentar a captação de valor interno e fortalecer as suas capacidades técnicas.
A descoberta de Volans-1X pode acelerar a ambição da Namíbia de tornar-se exportadora regional de gás, reforçando a segurança energética da África Austral e criando bases para futuros projectos de gás natural liquefeito e petroquímica. O país passa assim a integrar o grupo de economias que competem globalmente no fornecimento de combustíveis de transição mais limpos.
Especialistas afirmam que o achado deve atrair novos investidores, com perfurações de avaliação previstas para o início de 2026, a fim de determinar o potencial total do campo. O sucesso da BP poderá impulsionar a exploração em licenças vizinhas e estimular investimentos em infra-estrutura, como gasodutos submarinos e unidades de processamento em terra.
Com esta descoberta, a Namíbia junta-se ao grupo de países africanos que estão a redefinir o panorama energético do continente, agora orientado pela diversificação, boa gestão dos recursos e cooperação regional. Se for gerida de forma responsável, a descoberta de Volans-1X poderá marcar um ponto de viragem histórico, consolidando a bacia de Orange como uma das principais zonas offshore de sucesso em África.