Líder da junta militar do Burquina Faso reforça segurança pessoal

Ao cabo de um ano da sua chegada ao poder, Ibrahim Traoré, o líder da junta militar do Burquina Faso, reforçou a sua segurança, após a tentativa de golpe contra o seu regime na semana passada.
Três dias após o anúncio de uma tentativa de golpe de Estado frustrada, a 30 de Setembro, o capitão Traoré concedeu uma entrevista de uma hora a três jornalistas escolhidos a “dedo” para divulgar os seus feitos à frente do governo durante o período de transição.
Sobre os recentes acontecimentos na capital, Traoré não revelou quaisquer pormenores, dizendo apenas que luta contra o “imperialismo” e os seus “lacaios locais”, negando a existência de mal-estar no seio do exército.
Mas recentes acontecimentos, contrariam esta versão, como o facto de o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Coronel Major Célestin Simporé, e o Ministro da Defesa, Coronel Major Kassoum Coulibaly, terem sido enviados para o local de revolta por Ibrahim Traoré para falar com alguns dos seus membros e tentar restabelecer a calma nas fileiras do exército.
O certo é que menos de uma semana depois da tentativa de golpe de Estado denunciada pelo governo de transição, as tensões são ainda palpáveis, nomeadamente entre as forças especiais e a guarda nacional, cujos chefes – o comandante Abdoul Aziz Aouoba e o tenente-coronel Cheick Hamza Ouattara – figuram entre os quatro oficiais detidos a 27 de Setembro e formalmente acusados de “conspiração contra a segurança do Estado”.
De acordo com fontes próximas da nomenclatura militar, os soldados revoltados foram informados de que os seus oficiais seriam libertados em breve, mas não foram dados mais pormenores. Entretanto, os quatro oficiais, cujo destino foi oficialmente entregue à justiça militar, estão detidos em regime de incomunicabilidade. Um tenente-coronel da guarda nacional pôde visitá-los e verificar que não estavam a ser maltratados.
Desde o dia 27 de Setembro, que o capitão Ibrahim Traoré reforçou a segurança em torno da residência, no centro de Ouagadougou, que utiliza como presidência em vez do tradicional Palais de Kosyam. Foram destacados reforços, foi colocado um novo veículo blindado na rotunda das Nações Unidas e o tráfego noturno está agora proibido num raio de 500 metros do edifício. O acesso ao campo da polícia de Paspanga, situado na mesma zona, foi igualmente restringido.
Por fim, as autoridades de transição mobilizaram igualmente meios de vigilância aéreos. Desde sexta-feira, 29 de Setembro, um avião do exército equipado com meios ISR (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance) sobrevoa periodicamente a capital.