Governo São Tomense satisfeito, organizações da Sociedade Civil nem tanto
Sobre Índice de Percepção da Corrupção 2023
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O relatório sobre o Índice de Percepção da Corrupção, elaborado pela organização Transparência Internacional (TI) e divulgado na terça-feira, dia 30, em Berlim, tem causado divisões no pequeno arquipélago de São Tomé e Príncipe.
O documento indica que São Tomé e Príncipe é o 7º país menos corrupto na África subsaariana, todavia analistas locais, ouvidos pela Deutsche Welle (DW), não concordam.
“Quem se dedica a estes estudos e inquéritos tem que vir ao terreno sentir e ver os efeitos reais da corrupção em São Tomé e Príncipe”, refere o analista político Danilo Salvaterra. O analista aponta “a falta de transparência nos contratos, o desnível social e a falta de transparência nos negócios do estado como situações que levam os cidadãos a pensarem que a corrupção tem aumentado.”
O clientelismo político é outro aspecto apontado pela Sociedade Civil como promotor da corrupção. Eduardo Elba, da Federação das organizações não-Governamentais de São Tomé e Príncipe (FONG-STP) diz que “a Justiça caiu em descrédito, porque a percepção dos cidadãos é que ela protege os dirigentes corruptos”, ou seja, uma Justiça fraca para os fortes e forte para os fracos.
A Procuradora do Ministério Público e presidente da Associação das Mulheres Juristas, Vera Cravid, também sente que há mais corrupção, mas lamenta a falta de meios de investigação.
“Tem que se investir mais nos meios de investigação para que se possa julgar e levar até ao fim os alegados casos de corrupção”, afirma Cravid.
Já o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, após se congratular com a posição de São Tomé no relatório, adverte que não se pode passar a ideia de que a corrupção tem aumentado só com base “em boatos e difamação.” Trovoada prometeu à Polícia Judiciária e Ministério Público meios de investigação, nomeadamente escutas.