Fitch prevê desvalorização do kwanza em 2022 e 2023
A consultora Fitch Solutions prevê que o kwanza contrarie a tendência de apreciação face ao dólar e caia para 470 kwanzas por dólar até final do ano, desvalorizando-se mais 7,3% em 2023. Quanto ao PIB de Angola, a Fitch prevê um crescimento de 4% neste ano e de 1,8% no próximo.
“Antevemos que o kwanza se vá depreciar marginalmente no resto do ano para 470 kwanzas por dólar, depois se ter valorizado em 2021 e até ao segundo trimestre de 2022”, escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Na nota de análise sobre a evolução do kwanza, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que “a curto prazo, o menor apetite dos investidores pelas moedas dos mercados emergentes vai levar a pressões para a depreciação”, pelo que a previsão aponta para que a moeda nacional de Angola caia 7,3% em 2023, para uma média de 499 kwanzas por dólar, “essencialmente devido ao abrandamento dos preços internacionais e da produção interna de petróleo”.
Nos próximos três a seis meses, a Fitch Solutions diz que o kwanza vai contrariar a valorização de 18% desde janeiro até agora, devendo terminar o ano em torno de 453,93 kwanzas por dólar, o que significa uma valorização de 26,4%, comparando a média de 2021 com a média do câmbio de 2022.
A previsão para o próximo ano aponta para uma desvalorização de 7,3%, para uma média de 499 kwanzas por dólar, devido essencialmente à redução dos preços do petróleo em 4,8% para uma média de 100 dólares por barril, e à queda da produção interna, que deverá registar uma descida de 3,5% no próximo ano “devido ao crónico desinvestimento no setor petrolífero e ao esgotamento de alguns poços”, concluem os analistas.
Entretabnto, a consultora reviu em alta o crescimento da economia neste ano. “Prevemos que o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola cresça 4% em 2022, face a uns estimados 0,6% em 2021, o que evidencia uma revisão em alta face à nossa projecção anterior de 3,5%, feita para reflectir o crescimento no segundo trimestre, acima do esperado”, lê-se numa nota de análise à economia angolana.
Para os analistas da Fitch Solutions, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, a revisão do crescimento previsto para este ano está assente “numa conjugação de inflação menor e melhores condições monetárias, para além de ganhos no sector petrolífero, que vão acelerar o crescimento, de uma forma geral, este ano”.