Exposição de artes abre festividades da Independência Nacional no Qatar

Uma exposição de artes visuais integrando artistas angolanos de diferentes gerações e propostas estéticas será inaugurada hoje, na Galeria da Fondation Katara Cultural Village, no Qatar, ficará patente até ao dia 14 de Novembro.
Com o título “Angola – Território de Expressão Ancestral e Universal”, a exposição, uma iniciativa da Embaixada de Angola no Estado do Qatar, e a União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP), tem a curadoria de Dom Sebas Cassule e Pedro Tchivinda e está enquadrada nas comemorações do 11 de Novembro, dia da Independência Nacional.
A exposição de artes “Angola– Território de Expressão Ancestral e Universal” consiste numa mostra de pintura, desenho e tapeçaria dos artistas angolanos Albino da Conceição, Don Sebas Cassule, Evandro Kassandeca, Fisty-Teta, Maria Belmira, Kussy, João Inglês, Nefwani Júnior, Pedro Tchivinda, Romulo Rosa e Van, que vivem e trabalham em Angola, com a intenção de propor um diálogo da poética artística e filosófica com o Qatar.
Don Sebas Cassule, que esteve a preparar a exposição, afirmou que a mesma obedeceu aos processos habituais de produção, “facilitada por um lado pelo facto de selecionarmos as obras a partir de trabalhos já produzidos, sendo certo que o ideal seria fazer a escolha ao resultado de uma residência afim”. O que não aconteceu porque o desafio chegou tarde e não poderiam deixar esta oportunidade do embaixador que pretende apostar na diplomacia cultural.
Outro curador Pedro Tchivinda, que deixou Luanda, ontem, para participar na inauguração da exposição, disse que “a minha expectativa é a melhor possível, penso ser uma iniciativa oportuna da nossa Missão no Qatar, visto que o Estado do Qatar na sua visão estratégica, aproveita bem a sua pujança economica e financeira para realizações de vária ordem com qualidade, nivel e âmbito mundial, onde a sua cultura, arte e turismo, constituem um cartão de visita”.
Texto da curadoria
O tema da exposição está centrado nos conceitos de celebração da identidade individual e colectiva dos cidadãos angolanos, e em seus diversos e distintos significados ancestrais, patrióticos, filosóficos, espirituais, psicológicos, sociológicos e culturais, conquistados há 48 anos.
Por conseguinte, o significado de identidade pode estar relacionado aos elementos que nos diferenciam dos outros como indivíduos com características únicas cuja origem está ligada à necessidade de pertencer a um lugar. Ao visitar esta exposição, o observador certamente se surpreenderá com as espatuladas suaves, ruidosas e silenciosas na tela de forte gramagem de Albino da Conceição, com o legendário simbolismo de Neto, presente na obra de Don Sebas Cassule, com os traços exuberantes nas cores de Evandro Kassandeca, com a alegria e a espontaneidade das inconfundíveis pinceladas de Fisty-Teta , com a força estética da simbiose do tradicional e o moderno na tecelagem de Maria Belmira, com a fluidez geométrica na construção da composição nas peças de Pedro Tchivinda, com o lirismo conflituoso no espaço cénico entre as pessoas e o crescimento veloz dos edifícios, com as presenças marcantes do processo de transformação de Nefwany Junior, com a singeleza e as metamorfoses enigmáticas nas obras de Rómulo Rosa, com a sensibilidade sublime na exploração de novas estéticas de João Inglês e com o registo da primorosa e experimentada releitura da ancestralidade nas telas de Van.
Linguagens que marcam presença com cores, luzes, símbolos codificados, textos e texturas traduzidas nas mais variadas formas de expressão, sobre diversos suportes, podem ser encontrados nesta exposição.