Defendida investigação sobre expansão dos desertos do Namibe e Kalahari

O ambientalista, Silvano Levi, defendeu, no Lubango, província da Huíla, a necessidade de Angola promover estudos sobre os desertos do Namibe e do Kalahari, a fim de obter informações relacionadas ao seu alastramento no território nacional, com vista a mitigar o impacto ambiental do fenómeno.

O deserto do Namibe ocupa uma superfície de 50 mil quilómetros quadrados, numa extensão de mil e 600 quilómetros. Reparte-se entre o Sul de Angola e a Namíbia. A sua largura este-oeste varia entre os 50 e os 160 quilómetros. É considerado o mais antigo deserto do mundo, devido a sua aridez a descida do ar seco arrefecido pela corrente fria de Benguela que passa na costa da Namíbia.

Já o deserto do Kalahari tem cerca de 930 mil quilómetros quadrados e é considerado o quinto maior deserto do mundo e o segundo da África, depois do Deserto do Saara. Está localizado no sul da África, ocupando partes do território da África do Sul, Namíbia e Botswana. Actualmente a desenvolver para Angola e Zâmbia.

Em declarações à ANGOP, o especialista afirmou que é preciso chamar os geólogos para fazerem uma contextualização em relação a que pé está o deserto do Kalahari a desenvolver para o território nacional, assim como o do Namibe para o interior de Angola.

Referiu que os estudos sobre a necessidade de obterem-se informações relacionadas à evolução dos dois desertos são importantes, pois qualquer fenómeno na natureza, principalmente esses, de deserto, que ligam com clima e a dinâmica geológica tem sempre um factor de evolução com o passar do tempo.

Daí que deve ser feita a investigação científica centrada num foco, para se aferir a evolução dos fenómenos antes de produzir eventos complicados e difíceis de serem mitigados.

Avançou que a notabilidade referencial, de acordo a um estudo dos sinais do deserto do Kalahari em Angola, foi espelhada em 1939 numa obra “Carta Fitogeográfica de Angola”, que contextualiza que entre “Humbe e Vila Pereira de Eça”, actualmente município do Xangongo verificou-se o depósito superficial das areias semelhantes as do Kalahari.

“É neste contexto que chamo a atenção na continuação de estudos, a fim de aferir informações relacionadas com a preocupação de que os dois desertos devem estar a influenciar a indução de alterações climáticas na escala regional e local do país”, reforçou.

Huíla com solos a “ganhar” características desérticas

Silvano Levi informou existir na Huíla evidências de solos desgastados influenciados pela presença da flora característica do deserto e isso precisa, igualmente, de estudos, que devem ser evidenciados e financiados pelo Governo.

Declarou tratar-se de partes dos territórios dos municípios de Quilengues, Humpata e Gambos que apresentam alteração nos seus factores climáticos, incluindo os solos e a flora, afectando de certo modo a precipitação.

“Nestas áreas, o registo de ventos em várias direcções conduzem a transportação de sedimentos, ocasionando a erosão, o que coloca a evidência de crateras geológicas. Nas referidas zonas nota-se as altas temperaturas e o êxodo de refugiados climáticos hoje tem um aumento na mobilidade de pessoas e seu património bovino para áreas de melhores condições”, explicou.

Para remediar a situação, segundo o ambientalista, a utilização de medidas estruturantes e diálogo nas comunidades são necessárias, assim como incluir as autoridades tradicionais nas discussões, para que sejam agentes de mudança perante as causas e os efeitos.

O especialista avançou ainda a valorização da auscultação e concertação comunitária no processo e que as obras de engenharia hidráulica considerem a esquematização comunitária como partícipe das ideias saídas com indicadores mensuráveis no ponto de vista de afectar a vida do cidadão.

Lembrou que os papéis de reflorestamento e repovoamento ambiental fazem parte das comunidades, mas as pessoas têm de cuidar da sua manutenção, pois as plantas desempenham um papel importante na evolução dos factores das alterações climáticas.

Para o académico, as situações de remediar o clima são melindrosas, pois provêem do próprio fenómeno natural e o homem é um condutor que faz com que as coisas aconteçam, a bem ou a mal, porque precisa de retirar disso um desenvolvimento sustentável económico e social mais acentuado de forma imediata.

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