Crianças das escolas da Costa do Marfim irão apoiar todas as selecções presentes no CAN

A contagem decrescente para o início da maior competição de futebol do continente africano, o CAN, já começou há algum tempo. O torneio arranca a 13 de Janeiro, com o jogo de abertura entre a anfitriã Costa do Marfim e a Guiné-Bissau, tendo encerramento agendado para 11 de Fevereiro em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim.

Ghislain Konan, internacional marfinense, adianta à BBC que é um “enorme orgulho” para o seu país acolher a Taça das Nações Africanas de 2023 e acredita que os visitantes receberão as mais calorosas boas-vindas. “Posso assegurar-vos que vai correr muito bem”, disse Konan, que joga no seu clube na Arábia Saudita, à BBC Sport Africa.

“Somos muito hospitaleiros. Como gostamos de dizer, gostamos mais dos estrangeiros do que de nós próprios. Vamos dar as boas-vindas aos visitantes que vierem a nossa casa e também mostrar-lhes que somos um grande país.”

Konan, que nasceu em Abidjan, falava alguns dias depois de o governo da Costa do Marfim ter dito que iria utilizar alguns dos seus 20.000 voluntários para ajudar a encher os estádios durante os jogos da Taça das Nações Africanas.

O torneio, que estava previsto disputar-se de Junho a Julho deste ano, foi adiado para Janeiro de 2024 para evitar a época das chuvas na Costa do Marfim.

Cinco cidades irão acolhê-lo. Abidjan é a única cidade que utilizará dois estádios – com o recém-construído Estádio Olímpico Alassane Ouattara a receber o jogo de abertura e a final – enquanto Bouake, San Pedro, Korhogo e a capital, Yamoussoukro, também receberão jogos. Os estádios das três últimas cidades têm capacidade para 20.000 espectadores, enquanto o Estádio Felix Houphouet-Boigny, em Abidjan, e a arena de Bouake têm capacidade para 40.000 e o Alassane Ouattara 60.000, o maior do país.

As 23 selecções que partem para a conquista do troféu, incluindo o actual campeão Senegal, irão encontrar mais apoio dos locais do que esperavam. “Entre os 20.000 voluntários que temos, espera-se que uma parte apoie selecções que não a marfinense – o que é inédito”, afirmou Toure Nimba, funcionário do Ministério do Desporto, na última sexta-feira.

“Sempre que uma selecção jogar, haverá costa-marfinenses a apoiá-la. O comité organizador está também a tomar medidas para que as crianças das escolas se desloquem em massa aos estádios durante os jogos. “Temos comités locais que vão às pequenas aldeias. É a combinação de todos estes esforços que nos vai permitir ter os estádios cheios.”

Tudo isto porque as fracas assistências têm sido uma caraterística de muitos jogos da Taça das Nações Africanas. No entanto, os Camarões, que acolheram a edição de 2021, contrariaram essa tendência e os organizadores esperam que a Costa do Marfim possa fazer o mesmo.

Recorde-se que a Costa do Marfim ia originalmente acolher a Taça das Nações em 2021, mas a Confederação Africana de Futebol (CAF) reatribuiu a organização desse torneio aos Camarões, que tinha sido definido para acolher a fase final de 2019.

Apesar de ter apresentado um protesto ao mais alto órgão jurídico do desporto, o Tribunal Arbitral do Desporto, sobre a mudança em Dezembro de 2018, o governo da Costa do Marfim concordou com a alteração forçada apenas um mês depois, após uma reunião entre o Presidente Ouattara e o então presidente da CAF, Ahmad.

Com os seis estádios e os 24 campos de treino concluídos, para não falar das obras de modernização dos transportes, da hotelaria e das instalações médicas, os organizadores consideram que o atraso pode ter acabado por funcionar a seu favor. “Hoje, vejo que lucramos um pouco com o atraso, embora ache que estaríamos prontos para receber o torneio em 2021 caso fosse necessário”, disse Nimba.” E acrescentou: “Mas considero uma graça divina o facto de estarmos aqui hoje, com infra-estruturas muito mais sólidas graças a todos os testes que efectuámos. Tivemos tempo para testá-las tecnicamente e em termos de controlo de multidões e de segurança. Estamos prontos.”

Todos os estádios já receberam vários jogos, sendo que o Korhogo e o San Pedro chegaram a ser palco da Liga dos Campeões Africanos de Futebol Feminino deste ano no mês passado. O Estádio Olímpico Alassane Ouattara, recebeu um jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2026 (uma goleada de 9-0 às Seychelles) no mês passado, não se observando qualquer tipo de problema.

“No dia 13 de Janeiro, a Costa do Marfim, perante câmaras do todo o mundo, dará um espectáculo inesquecível”, afirmou François Albert Amichia, que dirige o comité organizador local. Depois, caberá às 24 equipas brilharem em campo e mostrarem que a evolução positiva a que assistimos no Campeonato do Mundo do Qatar por parte dos representantes de África não foi um mero acaso, mas uma realidade, porque o futebol africano está a evoluir.”

Depois de ter acolhido a Taça das Nações Africanas pela última vez em 1984, a Costa do Marfim vai tentar conquistar o título pela primeira vez em casa, depois de ter triunfado no Senegal em 1992 e na Guiné Equatorial em 2015.

“Vamos fazer tudo para ganhar, mas não vai ser fácil, porque há selecções muito boas”, referiu Konan, um lateral esquerdo que venceu 31 partidas desde a sua estreia pelos Elefantes em 2017. “Mas, como jogamos em casa, vamos tentar dar tudo para garantir que o troféu fique no país.”

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...