Cinco homens envolvidos em atentados terroristas fogem de prisão tunisina
Cinco indivíduos, detidos por envolvimento em atentados terroristas e considerados muito perigosos, evadiram-se da maior prisão tunisina, anunciou o Ministério do Interior do país ontem, terça-feira, 31 de Outubro.
“A administração da prisão de Mornaguia [perto de Tunes] informou que cinco indivíduos perigosos, condenados a penas de prisão ligadas a casos de terrorismo, evadiram-se de madrugada”, declarou o ministério, que imediatamente divulgou as suas identidades e fotografias.
Ao fim da tarde, o ministério anunciou a demissão de dois altos funcionários: o director-geral dos Serviços Especiais e o director central dos Serviços Gerais de Informações. O director da prisão de Mornaguia foi igualmente demitido por ordem do Ministério da Justiça, que anunciou “outras decisões a tomar com base na investigação sobre a fuga de cinco presos perigosos culpados de actos de terrorismo.”
Imagens divulgadas nas redes sociais, mostram que os fugitivos serraram as grades de uma janela da cela por onde conseguiram escapar, antes de usarem uma corda feita com restos de tecido para descerem de uma torre de vigia.
Entre os fugitivos encontra-se Ahmed Melki, 44 anos, apelidado de “o Somali”, implicado nos assassínios de políticos da oposição, cuja responsabilidade foi reivindicada por extremistas islâmicos. Preso em 2014, foi o principal acusado do assassinato do deputado de esquerda Mohamed Brahmi, a 25 de Julho de 2013. Foi também implicado no assassinato, em 6 de Fevereiro de 2013, em Tunes, do político da oposição de esquerda Chokri Belaïd.
Ascensão dos grupos jihadistas
Os assassinatos, que chocaram a opinião pública tunisina, desencadearam uma grave crise política que obrigou o partido de inspiração islâmica Ennahda a entregar o poder que detinha desde a revolução democrática de 2011 a um governo de tecnocratas.
Dez anos após os factos, o inquérito sobre estes assassinatos ainda não está concluído. Dada a perigosidade dos indivíduos procurados, o Ministério informou que tinha “sensibilizado” todas as suas unidades para “intensificar as buscas com vista à sua detenção o mais rapidamente possível.” O Ministério apelou igualmente à população para que comunique à polícia qualquer informação que possa ajudar as buscas.
Após a revolta popular de 2011, que derrubou o ditador Zine Ben Ali, a Tunísia assistiu a um boom de grupos jihadistas, que contavam com milhares de membros tanto no estrangeiro como no país. Os atentados na Tunísia mataram dezenas de turistas (Sousse e Tunes em 2015) e forças de segurança.
De acordo com um relatório do Crisis Group de Junho de 2021, havia na altura “cerca de 2.200 pessoas detidas ao abrigo da lei antiterrorismo de 2015, 160 indivíduos condenados por terem cometido actos de violência jihadista em território tunisino”, a par de uma dezena de jihadistas tunisinos, extraditados e repatriados para o país.