EUA acrescentam cinco países africanos à lista de destinos desaconselháveis

Os Estados Unidos da América (EUA) adicionaram cinco países africanos à sua lista de destinos de alto risco, citando o terrorismo, a agitação e o agravamento das condições de segurança, revela a publicação ‘Business Insider Africa’.

Os mais recentes avisos de viagem, emitidos entre Setembro e Outubro de 2025, colocam o Mali, o Níger e o Sudão no Nível 4: Não Viajar; Madagáscar e Tanzânia foram elevados para o Nível 3: Reconsiderar a Viagem.

As classificações reflectem a crescente preocupação do Governo norte-americano face ao aumento da violência, ao colapso da governação e às mudanças nas alianças geopolíticas no continente.

No Mali, as insurgências violentas e o conflito armado tornaram vastas partes do país inacessíveis, levando à evacuação do pessoal não essencial da embaixada norte-americana.

O Níger enfrenta um panorama de ameaças semelhante, com o terrorismo, o crime e a instabilidade política a tornarem insegura qualquer deslocação fora da capital, Niamey. O Sudão continua mergulhado num conflito entre as forças armadas e as forças paramilitares, mantendo-se a Embaixada dos EUA na capital Cartum encerrada desde 2023.

Em Madagáscar, o aumento do crime violento e das manifestações políticas elevou o aviso para o Nível 3, enquanto a Tanzânia entrou para a lista devido à agitação, às ameaças terroristas e aos relatos de perseguição a indivíduos homossexuais.

Os novos avisos de viagem dos EUA reflectem o agravamento das crises de segurança e de governação em África. Embora grupos extremistas ligados ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) e à al-Qaeda continuem a explorar o fraco controlo estatal e as fronteiras porosas no Sahel, grande parte da instabilidade tem também raízes na disfunção política. A corrupção endémica, as lutas pelo poder e as eleições viciadas enfraqueceram as instituições e corroeram a confiança pública, criando terreno fértil para a violência e a insurgência.

Apesar de anos de campanhas militares, os ataques continuam frequentes, especialmente no Mali e no Níger, onde civis, forças de segurança e interesses estrangeiros enfrentam ameaças quase diárias. Por trás da violência esconde-se uma crise mais ampla de liderança, com elites entrincheiradas apegadas ao poder, a minar reformas e a enfraquecer as próprias estruturas estatais destinadas a proteger os cidadãos.

Em última análise, os avisos revelam uma verdade sombria: a luta de África não é apenas contra o terrorismo, mas também contra a decadência política e a má governação que continuam a alimentar a insegurança e a dificultar o caminho do continente rumo à estabilidade.

Críticos argumentam com outras motivações

Washington insiste que o seu crescente interesse nas crises de segurança em África deriva de preocupações legítimas, incluindo a expansão da violência extremista, a instabilidade humanitária e o receio de que as redes terroristas se expandam sem controlo.

No entanto, críticos em todo o continente africano questionam as motivações dos EUA. Argumentam que o renovado envolvimento americano tem menos a ver com ajuda humanitária e mais com o controlo estratégico de recursos.

Países como o Níger possuem vastas reservas de urânio; o Mali e o Sudão são grandes produtores de ouro; e Madagáscar e Tanzânia dispõem de lítio e grafite — componentes essenciais para veículos eléctricos.

Para esses críticos, classificar tais países como “de alto risco” dá aos Estados Unidos um pretexto para expandir a sua presença de segurança e inteligência, assegurando influência sobre regiões centrais para a próxima fase da competição industrial e energética.

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