Quem tem telhado de vidro não deve andar às pedradas

Incapaz de se livrar do pesado passivo que há muito carrega, famoso pelos piores motivos, sentindo o cerco cada vez mais a apertar e vendo a campanha eleitoral do MPLA ir de vento em popa, a UNITA insiste na retórica da fraude, como fez quando  perdeu, sucessivamente, em 1992, 2008, 2012 e 2017.

Por Adérito Hossi

O desespero é tal, que no seu tempo de antena difundido sábado (30), na rádio, a UNITA, que se intitula “mascote da alternância” e diz que já “ganhou a confiança do povo”, pediu ao eleitor para no dia 24 de Agosto, na Assembleia de Voto, “respirar fundo” para votar no quadradinho do “Galo Negro”. Que estranho!

Dois dias antes, sempre no âmbito da sua atabalhoada campanha, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, num comício no Huambo, perguntava à assistência se esta tinha ouvido, na véspera, o discurso do candidato do MPLA, João Lourenço, no Cuanza Sul, classificando a intervenção de JLO como eivada de ódio, de não reconciliação e de chamar à guerra. Mas que exagero!

O “crime” cometido pelo cabeça-de-lista do MPLA foi simplesmente o de perguntar aos milhares de simpatizantes quem, no passado, entre os três movimentos de libertação, em vez de disparar contra o inimigo, às vezes colaborava com ele? Quem dos três, em 1975, proclamou a Independência? Que partido suportava o governo que combateu o regime retrógado do Apartheid?

Também questionou: depois das primeiras eleições multipartidárias, em 1992, qual dos concorrentes actuais entendeu contrariar a vontade do povo e pegou em armas? Que partido é que, mais uma vez, salvou os angolanos? Quem é que lutou e conseguiu trazer a paz e promover a reconciliação entre os angolanos?

Mais: quis saber quem é que começou a reconstruir o país, depois dos longos anos de guerra; quem é que vai entregar ao povo angolano o património por eles destruído; quem abraçou o lema “corrigir o que está mal, melhorar o que está bem”; quem teve coragem de combater a corrupção; quem teve a coragem de introduzir reformas económicas para o bem-estar do povo.

O problema é que, na lógica de ACJ e da corja que o acompanha, formular essas e outras perguntas traduz, por si só, uma declaração de guerra. É apenas ”legítimo” criticar falhas cometidas pelo Executivo, durante os quase 47 anos de governação, e que o governo até as assume, daí o cumprimento do slogan “corrigir o que está mal, melhorar o que está bem”.

Ao contrário, ou seja, justificar muitas das falhas com o factor guerra e suas nefastas consequências, por exemplo, para a UNITA equivale à falta de tolerância e a “bater no ceguinho”.

Se a UNITA julga que se pode dar ao luxo de se comportar como um garoto mimado que, depois das travessuras, tem direito a guloseimas, engana-se porque vai continuar a provar o fel que ela mesma produziu.

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