Notas e moedas em circulação aumentam 4% no 1.º semestre de 2023

As notas e moedas em circulação na economia aumentaram 4% no primeiro semestre de 2023, face ao período homólogo, de acordo com cálculos da Revista Economia & Mercado.

Sustentados pelas Estatísticas da Base Monetária divulgadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), os dados preliminares indicam que as notas e moedas em circulação rondaram, em média, 614 496 milhões Kz em Junho deste ano, contra os 589 587 milhões registados em Junho de 2022.

Desde o início deste ano, a quantidade de moeda em circulação na economia aumentou 3%, tendo-se registado o ponto mais baixo de 595 627 milhões Kz, depois de atingir o pico de 657 852 milhões Kz em Dezembro de 2022.

De Janeiro a Março de 2023, as notas e moedas em circulação apresentaram uma tendência de crescimento e fixaram-se nos 623 019 milhões Kz em Março, no mês seguinte registou-se a primeira redução de 2%, porém um novo aumento foi registado em Maio para 629 555 milhões Kz. Dados preliminares apontam para uma redução de 2% em Junho, face a Maio.

Segundo o economista Pedro Yala, em regra, a moeda em circulação aumenta quando se verifica um aumento da riqueza nacional, renovação da moeda em circulação ou quando há uma supervalorização desta. Contudo, não foi o caso da realidade angolana, pois a instabilidade da moeda, reflectida na limitação de aquisição de bens e serviços, levou o governo a “tentar compensar” com o aumento do papel-moeda em circulação. A intenção seria o incentivo ao consumo que poderia levar ao aumento da produção.

“Mas, com uma economia dependente das importações, os estímulos ao consumo acabam por criar pressões no mercado financeiro, pois os agentes importadores acabam por demandar mais divisas e mais kwanzas para adquirir mais divisas, abrindo o ciclo vicioso que pode levar (e levou) ao acentuar da desvalorização da moeda nacional frente ao dólar e ao euro”, sustentou.

Para Euriteca Nunes, também economista, o crescimento verificado resulta do aumento dos custos de produção, agravamento da taxa de câmbio e a subida dos preços dos combustíveis.

Acrescenta que esta variação leva a um aumento nos preços dos bens e serviços, à desvalorização da moeda e ao desestímulo de realizar investimentos decorrentes das incertezas em relação aos rumos da economia nacional.

“O facto de o aumento do nível de moeda em circulação ser fruto do aumento dos custos de produção e dos preços de bens e serviços traz o aumento do custo de vida e, consequentemente, a redução do poder de compras das famílias, situação que impacta de forma negativa na actividade e nos resultados das empresas”, afirmou.

O comportamento da moeda em circulação, disse, tem gerado impactos económicos e sociais negativos, por um lado, pela dependência de importação das matérias-primas, factores de produção e mercadorias; por outro, pelo facto de esse aumento não ser acompanhado por actualizações salariais e pelo crescimento da economia nacional.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...