Mudanças climáticas podem explicar a reincidência do ciclone Freddy

As alterações climáticas poderão explicar o facto do ciclone Freddy ter reincidido no seu percurso, atingindo pela segunda vez Madagáscar, Malawi e Moçambique, em menos de um mês, fazendo mais de 200 mortos, grande parte nos primeiros dois países.
O ciclone atingiu estes países pela primeira vez no final de fevereiro, depois de se formar no noroeste da Austrália. Após uma trajetória inédita de mais de 10.000 km de leste a oeste do Oceano Índico, tocou o solo de Madagáscar e atingiu Moçambique. O balanço de vítimas era, então, de 17 mortos. Seguindo um trajecto circular incomum, o ciclone voltou a afetar a costa de Madagáscar na semana passada.
“É importante saber que todos os ciclones não fazem o mesmo tipo de percurso. Alguns podem fazer um círculo e passar por zonas onde já passaram, principalmente quando estão sobre o oceano”, explica a climatologista Françoise Vimeux, do Instituto francês de pesquisa e desenvolvimento à RFI. “O facto do Freddy ter passado várias vezes pelo oceano ajudou-o a ganhar humidade e energia, o que o tornou mais intenso e chuvoso.”
Embora seja muito cedo para analisar o fenómeno, não se exclui o impacto das mudanças climáticas em sua intensidade. “Nós sabemos que o risco ciclónico aumenta com as mudanças climáticas”, aponta Françoise Vimeux. “Isso quer dizer que não teremos um número maior de ciclones, mas eles serão mais intensos. Teremos mais ciclones de categoria 4 e 5 que de categoria 1 e 2. Também serão mais chuvosos, pois a atmosfera mais quente contém mais vapor”, refere.