Moussa Faki Mahamat em Luanda para contactos com João Lourenço
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, encontra-se desde domingo em Luanda, para uma visita oficial de 48 horas a Angola, com o fim de manter contactos ao mais alto nível.
A informação sobre a chegada do diplomata na capital do país foi confirmada ao Jornal de Angola pelo director de Comunicação e Imagem do Ministério das Relações Exteriores, António Nascimento.
Moussa Faki Mahamat vem ao país numa fase em que o Chefe de Estado, João Lourenço, se prepara para assumir a presidência rotativa da União Africana (UA), já no próximo mês de Fevereiro, em Adis Abeba, Etiópia. De referir que o actual presidente da Comissão da UA, em fim do segundo mandato, dirigiu, no ano passado, uma carta ao Presidente João Lourenço, em que espelhava algumas questões que considerava de profunda reflexão e de tratamento urgente.
Entre os pontos constantes na carta, destaca-se a crise na Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA), em especial no Conselho de Paz e Segurança (CPS), a ineficácia das decisões do referido Conselho e a proliferação de mudanças inconstitucionais de governos em alguns Estados-membros.
Sobre as preocupações acima citadas, Moussa Faki reconhece que, além de suscitarem uma reflexão sobre a adequação dos dispositivos políticos e jurídicos da União Africana, devem incluir uma eventual revisão do mandato do Conselho de Paz e Segurança, como guardião resoluto de paz e segurança à escala continental.
No quadro das parcerias estratégicas, o diplomata sublinha que a tendência de marginalizar a organização continental nas negociações bilaterais com parceiros internacionais, põe em causa a credibilidade e o papel central da UA nos acordos de cooperação estratégica, sendo fundamental marcar uma posição definitiva na participação em fóruns internacionais.
Defende, igualmente, a necessidade urgente de revigorar o espírito pan-africano dos pais fundadores e a solidariedade entre os Estados-membros, face aos múltiplos desafios que assolam o continente, nomeadamente o terrorismo e o extremismo violento, além dos desastres naturais.
Financiamento sustentável da UA
Moussa Faki Mahamat considera, também, a persistente dependência do financiamento externo, apesar das tentativas de implementação de reformas, uma ameaça à capacidade de acção independente da União Africana, defendendo, neste sentido, que se resolva com urgência a entrada da organização no G20 e a garantia de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.