Golpistas do Níger acusam a França de estar a preparar uma intervenção militar contra o palácio presidencial

O Comité Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), formado na sequência do golpe de Estado da semana passada no Níger, acusou as forças francesas de prepararem uma intervenção militar contra o palácio presidencial. Segundo a junta, o objetivo é libertar o Presidente Mohamed Bazoum, que aí se encontra detido.

Num comunicado lido hoje, 31 de Julho, pelo coronel Major Amadou Abdramane, o CNSP afirma que “a França realizou uma reunião no quartel-general da Guarda Nacional para obter as aprovações políticas e militares necessárias à acção.” Ainda de acordo com a junta, o aval havia sido dado pelo primeiro-ministro interino, Hassoumi Massaoudou, e pelo comandante da Guarda Nacional, coronel major Midou Guirey.

Para fundamentar a sua declaração, o CNSP faz referência a documentos assinados pelas autoridades depostas que autorizam “o parceiro francês a efetuar ataques ao palácio presidencial para libertar o Presidente Mohamed Bazoum, mantido como refém.” Contudo, não há confirmação em relação à autenticidade dos documentos, conforme adiantou a RFI.

Ontem, domingo, dia 30, o CNSP acusou também “os serviços de segurança de uma chancelaria ocidental” de terem “disparado granadas de gás lacrimogéneo” contra os manifestantes, causando seis feridos. A França não foi citada, mas a declaração foi feita na sequência de uma concentração de pessoas que tentaram arrombar uma das entradas da embaixada no domingo.

Em resposta, a diplomacia francesa declarou que “não tinha outro objectivo que não fosse a segurança dos seus cidadãos”, reiterando que apenas reconhece a autoridade do Presidente Bazoum e das instituições democraticamente eleitas.

Alemanha sanciona, Rússia apela à contenção

No plano financeiro, depois de Paris, no sábado, a Alemanha anunciou a suspensão da sua ajuda ao desenvolvimento e do seu apoio orçamental ao Níger. Esta medida diz respeito a todos os pagamentos directos e a toda a cooperação bilateral para o desenvolvimento. Berlim afirma estar disposta a “tomar outras medidas”.

A União Europeia está a seguir a mesma linha. Josep Borrell, chefe da diplomacia, afirma que a UE apoiará rápida e resolutamente as decisões da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em especial o bloqueio económico decretado em 30 de julho.

Por seu lado, a Rússia apela a “todas as partes para que deem provas de contenção a fim de evitar a perda de vidas”. O seu porta-voz explicou que a situação no Níger “é motivo de grande preocupação” e apelou a que “a legalidade seja restabelecida no país o mais rapidamente possível”.

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