Criada formalmente a Confederação dos Estados do Sahel
O Burquina Faso, Mali e Níger lançaram, no último sábado, dia 6, no papel a Confederação dos Estados do Sahel, na sua primeira cimeira conjunta, realizada em Niamey, na véspera da cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Os chefes militares destes três países deixaram bem claro que a sua ruptura com a organização da África Ocidental era “irrevogável”. A Confederação surgiu numa altura em que a maior parte das sanções contra estes países tinham sido levantadas e vários países tentavam retomar o diálogo, incluindo o Senegal, através do seu Presidente Bassirou Diomaye Faye, que visitou as três capitais.
À RFI, Fatou Diagne Senghor, uma defensora dos direitos humanos da Gâmbia, considera que se trata de uma acção precipitada. Mas Fatou, que fundou um centro de liderança feminina no seu país, considera que a situação não é necessariamente definitiva.
Trata-se de um acto muito preocupante para os povos destes países, que irá sem dúvida afastar ainda mais estes três países de um regresso iminente à democracia eleitoral”, declarou. “Como sabe, desde os golpes de estado, tudo o que fizeram foi adiar a agenda eleitoral, com todas as suas graves violações dos direitos humanos. Já viram o que está a acontecer no Burquina? Por isso, penso que esta é, de facto, uma agenda que irá reforçar ainda mais a impunidade e as violações dos direitos humanos. Mas tudo isto não passa de um embuste”.
E continua: “Mas penso que o que está a ser feito é perigoso. Mas não tenho a certeza de que seja irreversível. As pessoas desta sub-região viveram um inferno durante décadas. A democracia regressou nos últimos anos e as pessoas experimentaram o poder da liberdade de expressão. Por isso, não é agora que os vamos privar de todas essas liberdades, esperando que as pessoas se calem. É verdade que o discurso soberanista parece estar a funcionar por agora, mas por quanto tempo?”, inquiriu.
Refira-se que a CEDEAO alertou ontem, domingo, dia 7, para o facto de a região estar em risco de “desintegração”, na sequência da criação de regimes militares em Bamako, Niamey e Ouagadougou. Os actuais governantes militares do Níger, Mali e Burquina Faso chegaram ao poder através de golpes de Estado nos últimos anos e, em Janeiro, anunciaram a sua saída conjunta da CEDEAO.