Corredor do Lobito impulsiona intercâmbio comercial na região austral de África

O intercâmbio comercial na sub-região da África austral terá um novo impulso após a assinatura, esta terça-feira (4), no Lobito, Benguela, do contrato de transferência da concessão dos serviços ferroviários e da logística de suporte do Corredor do Lobito.
O Lobito Atlantic Railway, consórcio vencedor do concurso internacional para exploração do Corredor, no dia 4 de novembro de 2022, é formado pelas empresas Trafigura, Vecturis e Mota-Engil. O consórcio prevê, ao longo de 30 anos, aumentar a frequência diária para 50 comboios e garantir 1.600 empregos directos.
Terá como responsabilidade o transporte de cargas de grande porte como, por exemplo, os minérios provenientes da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia, bem como a manutenção das infra-estruturas (oficinas, linha férrea, entre outras).
Com gestão privada, o Corredor do Lobito integra o Porto do Lobito, o Terminal Mineiro, o Aeroporto da Catumbela e o Caminho de Ferro de Benguela (CFB).
Dado o papel estratégico para o desenvolvimento económico regional, foram investidos mais de dois mil milhões de dólares na reabilitação e modernização das infra-estruturas e meios circulantes do Corredor do Lobito, com vista a dinamizar o transporte de mercadorias diversas, beneficiando os três países fronteiriços.
O Governo angolano tem em carteira a conclusão do estudo de viabilidade para a construção da linha de 259 quilómetros de extensão, que vai ligar Angola à Zâmbia, partindo do município do Ruacano (Moxico), até à região fronteiriça de Jimbe (Zâmbia), processo que aguarda, até ao momento, pelo lançamento de concurso público.
A recuperação das vias-férreas na Zâmbia e na RDC é fundamental para permitir a sua interligação ao CFB, na zona do Luau, na fronteira de Angola, e com isso revitalizar o transporte de minério até ao Lobito.
Em relação às duas principais infra-estruturas do corredor, nomeadamente o Porto Comercial do Lobito e o CFB, prepararam-se para enfrentar o desafio que se avizinha com o aumento do movimento de carga na região.
O Corredor do Lobito apresenta uma rota estratégica alternativa para os mercados de exportação da Zâmbia e da RDC e oferece a rota mais curta que liga as principais regiões mineiras dos dois países encravados ao mar.
Em Angola, o Corredor liga 40% da população do país, potenciando investimentos de grande envergadura na agricultura e comércio nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, regiões atravessadas pelo CFB.
A adjudicação do Corredor do Lobito ao consórcio composto pelas empresas Trafigura, Vecturis e Mota Engil encerra benefícios relevantes para o país, como o impacto directo no desenvolvimento de indústrias fortemente dependentes da cadeia logística, como são a agricultura e as minas, e a consequente criação de empregos em cada uma destas áreas.
Essa infra-estrutura também vai criar oportunidades para o desenvolvimento de pequenos negócios adjacentes ao transporte ferroviário e uma alternativa ferroviária competitiva face ao transporte rodoviário. Esta alternativa é capaz de contribuir para a redução das tarifas de transporte de carga.